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05/03/2015


A Grande Síntese - Pietro Ubaldi

1. 

CIÊNCIA E RAZÃO



Estarei agora publicando aqui nesse blog essa que é uma obra maravilhosa escrita sob alta tensão inspirativa por Pietro Ubaldi.  Até hoje essa obra e seu conteúdo nos faz refletir ante o avanço da Ciência complementando-a e extrapolando-a. Na medida do possível anotarei alguns comentários e ilustrarei com imagens via google conforme o desenrolar da narrativa. 

Pietro Ubaldi
Aqui falo à inteligência, à razão cética, à ciência sem fé,
 a fim de vence-la,superando-a com suas próprias armas.






Em outro lugar e de outra forma [1], falei especialmente ao coração, usando linguagem simples, adaptada aos humildes e aos justos que sabem chorar e crer. 








Aqui falo à inteligência, à razão cética, à ciência sem fé, a fim de vence - la, superando-a com suas próprias armas. A palavra doce que atrai e arrasta, porque comove, foi dita. Indico-vos agora a mesma meta, mas por outros caminhos, feitos de ousadias e potência de pensamento, pois quem pede isso não saberia ver de outra forma, por faltar-lhe a fé ou incapacidade de orientação para compreender.

O pensamento humano avança. Cada século, cada povo segue um conceito de acordo com o desenvolvimento que obedece a leis a que estais submetidos. Em qualquer campo, a nova ideia vem sempre do Alto e é intuída pelo gênio. Depois, dela vos apoderais, a observais, a decompondes, a viveis, passando, então, à vossa vida e às leis. 

Assim, desce a ideia e, quando se fixa na matéria, já esgotou seu ciclo, já aproveitastes todo seu suco e a jogais fora para absorverdes, em vossa alma individual e coletiva novo sopro divino. Vosso século possuiu e desenvolveu uma ideia toda própria que os séculos precedentes não viam, pois estavam atentos em receber e desenvolver outras. 

Vossa ideia foi a ciência, com que acreditastes descobrir o absoluto, embora essa também seja uma ideia relativa que, esgotado seu ciclo, passa; eu venho falar-vos exatamente porque ela está passando.

Vossa ciência lançou-se num beco escuro, sem saída, onde vossa mente não tem amanhã. Que vos deu o último século? 

Máquinas como jamais o mundo as teve (mas que, no entanto, são apenas máquinas) e, em compensação, ressecou vossa alma. Essa ciência passou como um furacão destruidor de toda a fé e vos impõe, com a máscara do ceticismo, um rosto sem alma. 

Sorris despreocupados, mas vosso espírito morre de tédio e ouvem-se gritos dilacerantes. Até vossa própria ciência é uma espécie de desespero metódico, fatal, sem mais esperanças. Terá ela resolvido o problema da dor? 

Que uso sabe fazer dos poderosos meios que lhe deram os segredos arrancados da natureza? Em vossas mãos, o saber e a força transformam-se sempre em meios de destruição.



... ressecou vossa alma

Para que serve, então, o saber, se ao invés de impulsionar-vos para o Alto, tornando-vos melhores, para vós se torna instrumento de perdição? 

Não riais, ó céticos, que julgais ter resolvido tudo, porque sufocastes o grito de vossa alma que anseia por subir! 

A dor vos persegue e vos encontrará em qualquer lugar. Sois crianças que julgais evitar o perigo escondendo a cabeça e fechando os olhos, mas existe uma Lei, invisível para vós, todavia mais forte que a rocha, mais poderosa que o furacão, que caminha inexorável movimentando tudo, animando tudo; essa Lei é Deus. 

Ela está dentro de vós, vossa vida é uma exteriorização dela e derramará sobre vós alegria ou dor, de acordo com a justiça, como o merecerdes. Eis a síntese que vossa ciência, perdida nos infinitos pormenores da análise, jamais poderá reconstituir. Eis a visão unitária, a concepção apocalíptica que venho trazer-vos.

Para que me possa fazer compreender, é mister que fale de acordo com vossa mentalidade e me coloque no momento psicológico que vosso século está vivendo. É indispensável que eu parta justamente dos postulados da vossa ciência, para dar-lhe uma direção totalmente nova. 

Vosso sistema de pesquisa objetiva, à base da observação e experiência, não vos pode levar além de certos resultados. Cada meio pode fornecer certo rendimento e nada mais, e a razão é um meio. 

A análise não poderia chegar à grande síntese, grande aspiração que ferve no fundo de todas as almas, senão por meio de um tempo infinito, de que não dispondes. Vossa ciência arrisca-se a não concluir jamais e o “ignorabimus” quer dizer falência. A tarefa da ciência não pode ser apenas a de multiplicar vossas comodidades. 

Não estranguleis, não sufoqueis a luz de vosso espírito, única alegria e centelha da vida, até o ponto de tornar a ciência, que nasce do vosso intelecto, uma fábrica de comodidades. Esta é prostituição do espírito, é vergonhosa venda de vós mesmos à matéria.

A ciência pela ciência não tem valor, vale apenas como meio de ascensão da vida. Vossa ciência tem um pecado original:  

dirigir-se apenas à conquista do bem-estar material. 

A verdadeira ciência deve ter como finalidade tornar melhores os homens. Eis a nova estrada que precisa ser palmilhada. Essa é a minha ciência [2].

ver-me-eis permanecer continuamente em
  contato com a fenomenologia do universo

Não falo para ostentar sabedoria ou para satisfazer a curiosidade humana, vou direto ao objetivo:  

para melhorar - vos moralmente, pois venho para fazer-vos o bem. 

Não me vereis despender qualquer esforço para adaptar e enquadrar meu pensamento ao pensamento filosófico humano, ao qual me referirei o menos possível. Ao contrário, ver-me-eis permanecer continuamente em contato com a fenomenologia do universo. 

Importa escutar verdadeiramente essa voz, que contém o pensamento de Deus. Compreendei-me, vós que não acreditais, vós céticos, que julgais sabedoria a ignorância das coisas do espírito e, no entanto, admirais o esforço de conquista que o homem, diariamente, exerce sobre as forças da natureza. 

Ensinar-vos-ei a vencer a morte, a superar a dor, a viver na grandiosidade imensa de vossa vida eterna . Não acorrereis com entusiasmo ao esforço necessário para obter tão grandes resultados? 

Vamos, pois, homens de boa vontade, ouvi-me! Primeiro compreendei-me com o intelecto e quando este ficar iluminado e virdes claramente a nova estrada que vos traço, palpitará também vosso coração e nele se acenderá a chama da paixão, para que a luz se transmute em vida e o conceito em ação.

O Anel Acelerador de Hádrons do LHC, CERN, Europa, entre França e Suíça.

 

O momento é crítico, mas é mister avançar. E então (coisa incrível para a construção psicológica que o último século imprimiu em vós) nova verdade vos é comunicada por meios que desconheceis, para que possais descobrir o novo caminho. O Alto, que vos é invisível, nunca deixou de intervir nos momentos culminantes da História. 

Que sabeis do amanhã, que sabeis da razão por que vos falo? 

Que podeis imaginar daquilo que o tempo vos prepara, vós, que estais imersos no átimo fugidio? 

Indispensável avançar, mais que isso não vos seria possível. As vias da arte, da literatura, da ciência, da vida social estão fechadas, sem amanhã. 

Não tendes mais o alimento do espírito e remastigais coisas velhas que já são produtos de refugo e devem ser expelidos da vida. Falarei do espírito e vos reabrirei aquela estrada para o infinito, que a razão e a ciência vos fecharam.

Ouvi-me, pois. A razão que utilizais é um instrumento que possuís para prover os misteres, as necessidades mais externas da vida:  

conservação do indivíduo e da espécie. 

Quando lançais este instrumento no grande mar do conhecimento, ele se perde, porque neste campo, os sentidos (que muito servem para vossas necessidades imediatas) somente afloram a superfície das coisas e sua incapacidade absoluta de penetrar a essência vós a sentis. 

A observação e a experiência, de fato, deram-vos apenas resultados exteriores de índole prática, mas a realidade profunda vos escapa porque o uso dos sentidos como instrumento de pesquisa, embora ajudado por meios adequados, vos fará permanecer sempre na superfície, fechando-vos o caminho do progresso.

Para avançar ainda, é preciso despertar, educar, desenvolver uma faculdade mais profunda:  

a intuição. Aqui entram em função elementos complementares novos para vós. 

Algum cientista jamais pensou que, para compreender um fenômeno, fosse indispensável a própria purificação moral? Partindo da negação e da dúvida, a ciência colocou a priori uma barreira intransponível entre o espírito do observador e o fenômeno. O eu que observa permanece sempre intimamente estranho ao fenômeno, atingido apenas pela estrada estreita dos sentidos. Jamais o cientista abriu sua alma, para que o mistério encarasse o próprio mistério e se comunicassem e se compreendessem. O cientista jamais pensou que é preciso amar o fenômeno, tornar-se o fenômeno observado, vivê-lo; é indispensável transportar o próprio Eu, com sua sensibilidade, até o centro do fenômeno, não apenas com uma comunhão, mas com uma verdadeira transfusão de alma.

Compreendeis-me? Nem todos poderão compreender, pois ignoram o grande princípio do amor; ignoram que a matéria é, em todas as suas formas (até nas menores) sustentada, guiada, organizada pelo espírito que, em diversos graus de manifestação, existe por toda a parte. Para compreender a essência das coisas, tereis que abrir as portas de vossa alma e estabelecer, pelos caminhos do espírito, essa comunicação interior, entre espírito e espírito; deveis sentir a unidade da vida que irmana todos os seres, desde o mineral até o homem, em trocas de interdependências, numa lei comum; deveis
sentir esse liame de amor com todas as outras formas da vida, porque tudo, desde o fenômeno químico até o social, é vida, regida por um princípio espiritual. Para compreender, é necessário que possuais uma alma pura e que um liame de simpatia vos una a todo o criado. A ciência ri de tudo isso e por esse motivo deve limitar-se a produzir comodidades e nada mais. Nisto que vos estou a dizer reside exatamente a nova orientação que a personalidade humana deve conseguir, para poder avançar.

é preciso amar o fenômeno, tornar-se o fenômeno observado, vivê-lo


Notas:

[1] - V. o volume Grandes Mensagens. (1.1)
[2] - Para compreender esse estilo incomum, é necessário conhecer a técnica da gênese deste pensamento, mediante a leitura de outros volumes, os primeiros, pertencentes à obra. (1.7)


Pietro Ubaldi - Breve Biografia

  
Deixo doravante anotações do estudioso da obra de Ubaldi o Dr. Gilson Freire, de seu livro do curso de introdução à "A Grande Síntese":

1 - Ciência e Razão

A ciência não satisfaz mais as nossas necessidades. 


A ciência do nosso século somente nos deu comodidades, deixando nosso espírito vazio. Colheu informações sem fim e nos inundou de análises, sem jamais nos proporcionar a síntese. Continuamos sem respostas para os nossos grandes enigmas. Prostituiu nosso espírito, vendendo nossa alma à matéria, que se tornou a razão da vida e a senhora do nosso destino. 

Mas a era da razão está passando e é preciso auxiliar o nosso espírito na conquista da intuição, a única capaz de nos levar à visão unitária do Universo. Estamos cheios de máquinas poderosas, mas vazios de alma e de sentimentos. 

A ciência não pôde nos tornar melhores, convertendo-se em uma fábrica de comodidades. Para falar ao nosso espírito, amadurecido por um século de ciência, Sua Voz fala à nossa razão, usando a linguagem e os conceitos da nossa era.

Intuição: único caminho possível

A evolução do espírito é o único caminho capaz de satisfazer nossos anseios mais íntimos, de vencer a dor, a morte e fazer-nos viver a grandiosidade para a qual fomos criados. Não temos mais o alimento do espírito e remastigamos velhos conhecimentos. 

A análise, a observação e a experiência apenas produziram resultados exteriores, práticos, mas as necessidades da alma não foram satisfeitas, os caminhos do mistério permanecem fechados e não se abrirão, a não ser que nos tornemos melhores.
 
Uma nova maneira de compreender os fenômenos.
 
Para avançar, é preciso chegar à síntese intuitiva - uma nova maneira de ver e compreender o Universo e sua fenomenologia. É preciso abrir a alma, amar o fenômeno, interagir com ele para verdadeiramente entendê-lo. Eis o novo método de pesquisa: dilatar a visão do espírito para se chegar à essência das coisas. 

Devemos sentir a unidade da vida que irmana todos os seres: do mineral ao homem e além. Mas para isto é necessário o aprimoramento moral. Como somente entre semelhantes é possível a comunicação, para sintonizarmo-nos com as potências do Universo e compreender os seus mistérios, é preciso ter a alma pura. Faz-se assim necessário a nossa purificação moral.
 
“A ciência ri de tudo isto, e por este motivo está limitada a produzir apenas comodidades, sem jamais acender a chama da sabedoria em nossa alma”.