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06/03/2015

2. 

INTUIÇÃO

 




Não vos espanteis com esta incompreensível intuição [3]. 










Começai por não negá-la e ela aparecerá. O grande conceito que a ciência afirmou (embora de forma incompleta e com consequências erradas), a evolução, não é uma quimera e estimula vosso sistema nervoso para uma sensibilidade cada vez mais delicada, que constitui o prelúdio dessa intuição. 


Assim se manifestará e aparecerá em vós essa psique mais profunda, por lei natural de evolução, por fatal maturação que está próxima. Deixareis de lado, para uso da vida prática, vossa psique exterior e de superfície, a razão, pois só com a psique interior que está na profundeza de vosso ser, podereis compreender a realidade mais verdadeira, que se encontra na profundeza das coisas. Esta é a única estrada que conduz ao conhecimento do Absoluto. 

Só entre semelhantes é possível a comunicação; para compreender o mistério que existe nas coisas deveis saber descer no mistério que está em vós. Não ignorais isto totalmente; olhais admirados tantas coisas que afloram de vossa consciência mais profunda, sem poderdes descobrir as origens:  

instintos, tendências, atrações, repulsas, intuições. 

Daí nascem irresistíveis todas as maiores afirmações de vossa personalidade. Aí está o vosso verdadeiro e eterno Eu. Não o Eu exterior, aquele que sentes mais quando estais no corpo, aquele 

Eu que é filho da matéria e que morre com ela. Esse Eu exterior, essa consciência clara, expande-se no contínuo evolver da vida, aprofunda-se para aquela consciência latente que tende a vir à tona e a revelar-se. Os dois polos do ser — consciência exterior clara e consciência interior latente — tendem a fundir-se.




 A consciência clara experimenta, assimila, imerge na latente os produtos assimilados através do movimento da vida — destilação de valores, automatismos, que constituirão os instintos do futuro. 

Assim expande-se a personalidade com essas incessantes trocas e se realiza o grande objetivo da vida. Quando a consciência latente tiver se tornado clara e o Eu tiver pleno conhecimento de si mesmo, o homem terá vencido a morte. Aprofundarei mais adiante essa questão.

O estudo das ciências psíquicas é o mais importante que podeis hoje fazer. O novo instrumento de pesquisa que deveis desenvolver e se está desenvolvendo, naturalmente, é a consciência latente. Já olhastes bastante para fora de vós. Agora resolvei o problema de vós mesmos e tereis resolvido todos os outros problemas. 

Habituai aos poucos vosso pensamento a seguir esta nova ordem de ideias. Se souberdes transferir o centro de vossa personalidade para essas camadas profundas, sentireis revelar-se em vós novos sentidos, uma percepção anímica, uma faculdade de visão direta; esta é a intuição da qual vos falei. 

Purificai-vos moralmente e refinai a sensibilidade do instrumento de pesquisa, que sois vós, e só então podereis ver. Aqueles que absolutamente não sentem essas coisas, os imaturos, ponham-se de lado; torneiem-se até chafurdarem-se na lama de suas baixas aspirações e não peçam o conhecimento, precioso prêmio concedido apenas a quem duramente o mereceu.




[3] - Desse especialíssimo método de pesquisa, aqui apenas delineado, os volumes As Noúres e Ascese Mística tratam a fundo. (2.1)

Comentários de Gilson Freire:

2 - Intuição

A psique de superfície e a psique profunda

Nosso verdadeiro eu não está na consciência de superfície, mas na consciência profunda, de onde se origina nossa personalidade com todas as suas tendências, atrações e repulsões. O eu exterior é filho da matéria e morre com ela. Com a evolução, o eu interior tende a se despertar e a fundir-se com o eu exterior – aí teremos vencido a morte. Eis o grande objetivo da vida:  


despertar este verdadeiro eu interior. Através da evolução ele se expande até a fusão com Deus.

O estudo do psiquismo é o mais importante na atualidade

O mais valioso estudo que na atualidade podemos fazer é o da ciência psíquica, nosso instrumento de pesquisa e nosso meio natural de desenvolvimento na evolução. Já olhamos em demasia para fora de nós mesmos, precisamos caminhar pelas estradas da alma, que estão em nosso íntimo e nos conduzem para o infinito.

A visão de síntese

Este é o novo instrumento de pesquisa que teremos que desenvolver – a visão direta. Temos que transferir o centro de nossa personalidade, o eu, para as camadas mais profundas do nosso ser, onde sentiremos essa nova possibilidade, a visão intuitiva, através da qual poderemos interagir com o fenômeno e compreender os mistérios da Criação.

O primeiro passo
 
O primeiro passo é não negar a intuição. A evolução nos levará a esta propriedade mais profunda do espírito, a essa nova visão do Universo. E poderemos compreender melhor a realidade das coisas.

Como apressar esta aquisição
 
“Purificai moralmente e refinai a sensibilidade do instrumento de pesquisa, que sois vós mesmos, e só então podereis ver. Aqueles que absolutamente não sentem essas coisas, os imaturos, ponham-se de lado, tornem a chafurdarem-se na lama de suas baixas aspirações, e não peçam o conhecimento, precioso prêmio concedido apenas a quem duramente o mereceu”.