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22/05/2015


57. 

MOVIMENTOS VORTICOSOS 

E CARACTERES BIOLÓGICOS

 


Interação eletrofraca entre o par próton-elétron.





Outras características fundamentais, entretanto, possui o sistema cinético vorticoso, que o aproximam e assemelham aos fenômenos vitais. De tudo isso podeis tirar mais uma confirmação de que, como vos disse, é vorticosa a íntima estrutura do fenômeno biológico; disso, esta teoria vos dá uma profunda explicação que se harmoniza com a de todos os fenômenos existentes. 












O vórtice é apenas a expressão volumétrica daquela espiral que vimos ser a trajetória de todo fenômeno, a expressão gráfica do conceito que o dirige; aquela espiral, também aqui, no campo biológico, reaparece no organismo dinâmico do vórtice. 

Este corresponde ao princípio da espiral que se abre e se fecha e com isso se expande à maneira de respiração, que dilatando progressivamente a amplitude de seu ritmo, agiganta-se (crescimento orgânico e psíquico da vida). Já mostramos como a constituição desse movimento vorticoso leva-o a uma diferenciação do ambiente, isto é, uma individuação independente. 

Pode parecer-vos que haja um abismo entre a vida e a matéria, e a vida representa, no universo, uma subversão fundamental de leis. Não. Não há abismos na natureza, nem saltos, nem zonas de vácuo: tudo é continuação do que foi preparado precedentemente, desenvolvimento do que já existia em estado de germe.

Por isso, encontrais na biologia os mesmos princípios que despontam na química, embora mais desenvolvidos e elevados, e a passagem faz-se por uma maturação interior, que já eleva a uma combinação mais alta os elementos preexistentes. O princípio dirigente despertou, ele que dormia no âmago das coisas.

Esse processo de individuação do vórtice atômico, que se distingue no campo cinético do ambiente, corresponde à lei que já vimos, pela qual os seres, ao evoluir, passam do indistinto ao distinto; lei que se compensa, para que o todo não se pulverize no particular, como aquela dos reagrupamentos em unidades coletivas (um indivíduo biológico é simplesmente um organismo de sistemas vorticosos ligados e comunicantes). 

Enquanto a matéria apresenta-se individuada em formas que se repetem idênticas, a vida jamais apresentará duas exatamente iguais e seu comportamento terá sempre uma nota de individualidade. Em cada forma de vida existe uma distinção mais acentuada, ao mesmo tempo em que essa forma é uma unidade coletiva mais complexa em sua organicidade. 

Existe na vida uma individualidade de manifestações, que preludia o desenvolvimento da personalidade, e existe uma independência de movimentos em que já se sente o início do processo de transformação do determinismo físico no livre arbítrio do psiquismo. Evolução, com efeito, à proporção em que é descentralização cinética, é também expansão e liberação de movimento. 

Ora, essas características da vida nós a encontramos também nos movimentos vorticosos.Um caso de movimentos vorticosos mais concreto e mais susceptível de observação, para vós, é encontrado nos turbilhões, ciclones, sorvedouros, trombas marinhas e outros semelhantes. 

Um turbilhão é uma unidade dinâmica distinta do ambiente, com caracteres de individualidade, independente daquele em seus movimentos, com seu próprio ponto de origem (nascimento) e um ponto final (morte), quando sua energia e sua trajetória se esgotam. Ele resiste aos impulsos estranhos e, se admite forças em seu âmbito, modifica-as com um processo que relembra o conceito de assimilação. 

Mais que uma forma estática como no mundo físico, o turbilhão é essencialmente o desenvolvimento de um dinamismo. Sua essência, como na vida, está no devenir e mantém-se perfeitamente equilibrado numa transformação contínua. Há nisso algo do futuro psiquismo. 

Os materiais constitutivos são forma exterior e efeito, mais do que causa determinante: de fato, esses materiais mudam constantemente, ao passo que a forma, apesar de sua mutação, permanece idêntica a si mesma. O tipo da forma permanece, embora esta se modifique e também o material constitutivo que a atravessa. 

Este transforma-se numa correnteza contínua, que já vos fala daquele metabolismo, nota fundamental do mundo orgânico. Este se apresentará com sua característica fundamental de saber absorver e utilizar as energias ambientais disponíveis.

No turbilhão existe, portanto, uma troca, um poder de assimilação e, em sua capacidade de resistir aos impulsos externos, existe, em embrião, o que será o instinto de conservação. O vórtice eletrônico é simplesmente um turbilhão. O que atravessa seu sistema cinético são os átomos em constante substituição, na qual, eles se transmitem os caracteres essenciais, que não são os de suas propriedades físicas e químicas, mas aqueles que o sistema cinético, em que esses átomos são presos, confere a seu íntimo movimento. 

A natureza, já dada, daquele sistema, é uma capacidade, a priori, de entrar diversamente em combinação, segundo os vários tipos de movimento que o ambiente oferece. Isso será a capacidade de escolha, ou o poder de transformar diversamente, segundo o tipo orgânico, os próprios materiais do mundo exterior (mesma substância formará tecidos diferentes e órgãos, de acordo com o organismo que os tiver tomado em circulação). 

O princípio de inércia, que dirige este como todos os outros sistemas cinéticos, contém o germe da resistência às variações e do misoneísmo. 

Nesta absorção de materiais existe também projeção de forças e comunicação com o exterior por parte da individuação; o vórtice não é mais sistema cinético fechado, mas aberto; esses caminhos abertos para o exterior serão os caminhos da sensibilidade e da percepção que permitirão, num primeiro nível, simplesmente orgânico, a síntese protéica; depois, a assimilação; num nível mais alto, o acréscimo contínuo daquele núcleo psíquico, já que o turbilhão o contém em germe, até a maravilhosa dilatação de consciência que o homem alcançou, e além disso. 

O turbilhão tem uma vontade de reação que não é apenas resistência à deformação, mas é princípio ativo, que projeta para o exterior e modifica o ambiente; eis o germe da atividade humana que, modificando-se de acordo com as circunstâncias, por sua vez as modifica; é o germe da adaptação, de papel tão importante na variedade das espécies. 

Na natureza das formas dinâmicas (onda, direção, expansão) encontrais o primeiro germe daquele impulso que se transformará em vontade. No turbilhão, como na vida, existe um contato contínuo entre o interior e o exterior, essa permuta de ações e reações, esse escorar-se de impulsos e contra-impulsos, que sustentam a caminhada da evolução.

Mas não basta. O turbilhão possui não apenas a capacidade de resistências às deformações, aos desvios e à vontade de reação, mas também capacidade de registrar os movimentos que absorve e de conservação dos mesmos em seu âmbito, embora transformados para adaptá-los a si mesmo. 

Eis novos germes. Não apenas sensibilidade e percepção, mas a memória das impressões e a capacidade de fixá-las na personalidade e nas características da espécie, quer em modificações orgânicas, quer em capacidades psíquicas (automatismos, gênese dos instintos). (Aliás, que são os automatismos, senão movimentos introduzidos e estabilizados, por ação prolongada, no organismo cinético do vórtice?).

Capacidade de assimilação de impressões e, portanto, possibilidade de que aquela concentração cinética, em que a forma reduz-se a semente, contenha a gênese de todas as características adquiridas e a possibilidade de fazê-la, de novo, voltar a realizar-se e desenvolver-se (a criança é vivaz porque está no período de descentralização cinética. 

O adulto é mais profundo e vivaz, isto é, não física, mas psiquicamente porque a decentralização cinética penetra nas camadas mais profundas). A esses movimentos documentários, que resumem todo o passado vivido, deve-se a possibilidade da evolução.
O turbilhão tem uma vontade própria de penetração, uma vontade de permanecer em sua forma e de progredir em sua trajetória, tal como o ser vivo; vontade que se esgota como neste e como em qualquer transmissão dinâmica. 

O processo de degradação, pelo qual as qualidades úteis da energia transformam-se num refinamento de valores, é constante na vida, desde seu início até suas formas mais altas. O turbilhão nasce, vive e morre. Sabe contornar os obstáculos, conhece a lei do mínimo esforço, reconhece as resistências, luta com elas e desgasta-se. 

Cansa-se no esforço e extingue-se. Simples princípios dinâmicos, mas levados até às portas da vida. O turbilhão está saturado de eletricidade, daquela eletricidade de que conheceis os poderes de análise e de síntese, a forma máxima de $ \beta $, contígua a a; a forma de energia que encontramos presente e fundamental nos fenômenos da vida. 

Ao morrer, o turbilhão restitui ao ambiente não apenas o material físico que o constitui, mas também sua energia interior, o motor do sistema, sua pequena alma rudimentar. A indestrutibilidade da substância é universal. 

Como poderia, justamente na morte do animal e do homem, anular-se o princípio animador? É absurdo, pois seria a anulação de todas as leis do universo. Ao evoluir, o princípio vorticoso se reforçará de tal modo que não se perderá com a morte, mas será reabsorvido no campo dinâmico do ambiente e sobreviverá, não só como substância, mas também como individualidade. 

Essa sobrevivência será cada vez mais evidente e decisiva, à proporção que o princípio evoluir, consolidar-se e espiritualizar-se, deslocando para seu interior seu centro cinético; sobrevivência que se reforça e se define cada vez mais, mediante infinitas gradações, desde as formas vegetais, animais e humanas e, desigualmente, nos diferentes tipos de homens mais ou menos adiantados, e além. 

Daí podemos dizer, desde logo, que a morte não é igual para todos, pois nem todos sobrevivem igualmente à morte física, mas com diferente poder de consciência, de acordo com o grau de $ \alpha $ que tenha atingido. Uma última afinidade é encontrada no poder de cisão ou desdobramento dos turbilhões e de fusão de dois em um, fenômenos que, nos sistemas vorticosos eletrônicos, preludiam aquilo que será, mais tarde, a reprodução por cisão e a reprodução sexual. 

Os turbilhões podem fundir-se, desde que seus movimentos elementares não apresentam diferenças inconciliáveis de constituição cinética.

Todas essas observações vos mostram como, no turbilhão, podeis comprovar a existência de todas as características daquele sistema cinético vorticoso, o primeiro centro de origem eletrônica que gera a vida, e como ele já contém em germe as notas fundamentais do mundo biológico. 

Esse fato indiscutível constitui uma prova que não podeis recusar, da mesma natureza e da contiguidade evolutiva dos dois fenômenos afins: movimentos vorticosos e vida. Torna-se por isso evidente, também nesta prova, aquela íntima natureza cinética que lhe propicia a explicação mais profunda, tal como ocorreu relativamente aos fenômenos da matéria e da energia. 

Esta minha visão do problema biológico mostra vos, também, como ele será colocado por mim e desenvolvido. Ou seja, não como classificação botânica nem zoológica, mas como estudo da manifestação progressiva, descentralizadora do princípio da vida.

Meu pensamento caminha no âmago das coisas, aderente à substância dos fenômenos e quero mostrar-vos não a série das formas visíveis que já conheceis, e sobre as quais portanto é inútil demorar-me, mas o porquê delas, suas causas, as metas e o desenvolvimento interior do princípio cinético da Substância. 

Este princípio, embora transformando-se e ficando sempre idêntico a si mesmo, sabe tornar-se tudo no mundo dos últimos efeitos, acessível a vós. Somente desse modo serão solúveis muitos problemas psíquicos e espirituais, já que sua forma externa, a única que observais, jamais será suficiente para dar-vos a chave. 

Veremos, dessa maneira, pelo progresso da evolução, pela maturação dos fenômenos, pelo desenvolvimento dos sistemas cinéticos da Substância, a forma de espiritualizar-se e liberar-se, os envoltórios tornarem-se sutis e caírem. Os princípios de ascensão espiritual das religiões serão demonstrados por um processo racional, com lógica materialista. 

As supremas realidades do espírito, que vos aproximam de Deus, serão atingidas por um caminho que vos parecia imensamente longínquo: o da ciência objetiva.




14/05/2015


56. 

PARALELOS EM QUÍMICA ORGÂNICA










Procuraremos na química orgânica algum paralelo ou correspondência ao princípio dos movimentos vorticosos.
 




 




Depois de havermos observado a gênese da vida em sua íntima e profunda realidade, dispomo-nos agora a caminhar para o exterior, para aquela aparência, mais sensória, portanto, mais facilmente compreensível para vós. Vários fenômenos da química orgânica mostram-vos que a estrutura do fenômeno vital corresponde a dos movimentos vorticosos observados.
 
Enquanto as principais reações da química mineral são instantâneas e totais, as da química orgânica são, geralmente, progressivas e lentas. A mecânica das reações indica-vos que só no primeiro caso o equilíbrio químico do sistema é quase imediatamente atingido, ao passo que nas reações orgânicas é necessário muito tempo antes que se chegue a esse estado. 

Essas reações progressivas, mesmo simples em aparência, são em realidade uma superposição de reações sucessivas, que determinam produtos intermediários muito efêmeros para serem percebidos. Essa mobilidade química, aparentemente menor, é devida, em substância, ao sistema vorticoso que resiste (inércia) contra qualquer ação que tenda a deslocar-lhe o equilíbrio; ela é mais poderosa e profunda que o sistema atômico simples, porque, também, é um sistema mais complexo. 

O entrelaçamento das linhas de força que devem ser diversamente dirigidas é muito mais amplo, mas em compensação, pela mesma razão, o sistema está apto a conservar por mais tempo os tipos de movimento uma vez omitidos e absorvidos (germe da hereditariedade).
 
Somente este dinamismo mais profundo, cuja estrutura cinética estudamos, podia produzir a síntese química da vida a partir da matéria inorgânica. A substância dos intercâmbios vitais consiste num ciclo, mediante o qual o íntimo dinamismo do sistema transporta a matéria inorgânica em combinações químicas para ela extraordinárias e complicadíssimas, que jamais teria conseguido sozinha. 

A característica da química da vida é a necessidade de uma contínua renovação íntima, com a qual se reconstitui de uma rápida deterioração; um desfazer-se constante de equilíbrios que, no entanto, reconstroem-se sempre, de modo que, no conjunto, o equilíbrio permanece, mas condicionado por intenso e íntimo trabalho. 

A estabilidade permanece através da instabilidade de todos os seus momentos, à custa de ser uma correnteza em movimento. A própria morte, que parece a destruição do edifício — porque determina o momento em que os elementos se apressam a descer os degraus dessa estrutura muito complexa, a fim de retornarem ao seu estado primitivo mais simples — não representa incapacidade de manter-se no mais alto equilíbrio da vida, mas é efeito da rápida sucessão sempre ativa, que jamais pára, do dinamismo do sistema. 

Morte é sinônimo de renovação. Por isso, a vida persiste perenemente no ritmo veloz de seu devenir. Fenômeno antiestático por excelência, a vida não é possível sem renovação. O processo vital é a resultante evidente do movimento contínuo de introdução e expulsão, de associação e de desassociação, de anabolismo (assimilação) e de catabolismo (desassimilação), o que leva à regeneração constante das células. 

A vida, desde sua primitiva fase orgânica, que só contém os primeiros rudimentos do psiquismo, é sua meta — no homem atingirá sua autonomia — é dinamismo intenso produzido por contínuo e complexo decompor-se e recompor-se da matéria em combinações químicas fugacíssimas. Dentro desse dinamismo, as substâncias são tomadas e levadas através do organismo, são absorvidas, assimiladas, fundidas na palpitação vital e, depois de haver demorado nele, são eliminadas. 

Sua passagem pelo ciclo orgânico é, para essas substâncias, uma espécie de febre, de corrida insólita, da qual escapam para repousar em seu equilíbrio químico inorgânico assim que se livram dessa imposição. Ora, é esse exatamente o fenômeno que ocorre num turbilhão, que prende em seu movimento rotatório sobretudo os corpos leves (peso atômico baixo, menor resistência ou inércia), arrasta-os no seu vórtice e, finalmente, abandona-os. 

Acontece isso enquanto, constantemente, muda o material constitutivo do turbilhão, embora conserve independente sua individualidade. Quem mantém intacto, num e noutro caso desses dois fenômenos afins, esse equilíbrio superior, enquanto dentro de si os edifícios atômicos passam rapidamente de um sistema de equilíbrio a outro? Quem dá a essa instabilidade o poder de manter-se indefinidamente, de retificar-se, de reconstituir-se a força de resistir contra todos os impulsos contrários, que tendem a trazer desvios? 

O fenômeno da vida não é fenômeno transitório nem acidental. Seus equilíbrios instáveis não são meros acasos químicos, porque eles se fixaram substancialmente no caminho da evolução. Onde se encontrará essa nova capacidade de autonomia, absolutamente desconhecida no mundo da química inorgânica, senão na estrutura especial cinética dos movimentos vorticosos? 

Diante do insuperável determinismo da matéria, encontramo-nos aqui nos primeiros passos daquela ascensão que levará, na fase de consciência, ao livre arbítrio, uma novíssima liberdade de movimentos que, no entanto, não destrói o equilíbrio nem a estabilidade integral do sistema. Sem dúvida o movimento vorticoso enfeixa o processo típico de isolamento, no ambiente, de um sistema de forças, portanto, princípio da individualidade. 

Um turbilhão de forças já é um eu distinto de tudo o que o circunda, com o qual entra em relação, mas não se funde com o devenir, que tem direção e meta própria, com uma troca e um princípio diretor de funcionamento que dá, de imediato, a imagem do organismo e da vida. 

Só o sistema cinético do vórtice contém as características de elasticidade, de equilíbrio móvel, tão distantes da rigidez inorgânica, que lembram tanto o estado coloidal, fundamental na vida. Este, ao mesmo tempo que assegura a estabilidade da estrutura dos protoplasmas vivos, neles favorece maravilhosamente o desenvolvimento das reações químicas. 

O vórtice recebe e reage; admite, em vista de sua estrutura, uma muito maior velocidade de reações do que o sistema atômico e por isso é a sede mais adequada para a evolução das reações químicas. Sistema plástico, móvel e flexível, tal como a vida; no entanto, resistente. 

Ele tem a faculdade de assimilar os impulsos exteriores, de torná-los próprios sem quebrá-los, de conservar-lhes traços no próprio movimento e de registrar a resultante de suas combinações (memória). Ele rende-se e transforma-se, suporta, mas não esquece nada.
 

Sua elasticidade significa a capacidade de retomar o equilíbrio de acordo com a lei de seu movimento. Passivo e ativo ao mesmo tempo, tangencia todas as características da vida.
Outra aproximação entre as características dos fenômenos vitais e a dos movimentos vorticosos: a admissão da matéria na circulação da vida não ocorre ao acaso. Vimos que são preferidos os pesos atômicos baixos mas não é só. 

O vórtice vital estabelece ligações entre átomo e átomo. Quando estes são tomados no movimento da vida, estabelecem-se entre eles vias de comunicação. Enquanto na química inorgânica só temos os movimentos planetários dos sistemas atômicos fechados, simplesmente coordenados em sistemas moleculares, em equilíbrio estável; na química orgânica temos sistemas atômicos abertos e comunicantes, em equilíbrio instável. 

Os átomos estão reunidos em cadeia e tornam-se solidários dentro de um mesmo fluxo dinâmico, guiados pelo mesmo impulso e pela mesma vontade. Na matéria, ficam mutuamente estranhos em sua estrutura íntima, embora vizinhos e equilibrados. Na vida, apertam-se num abraço e movimentam-se numa única direção. Esta é a base da unidade orgânica. 

Quando a unidade se dissolve, as passagens fecham-se, os sistemas tornam a isolar-se, reciprocamente indiferentes. Com o vórtice, terminou aquela vontade coletiva que os irmanava. Essas cadeias dinâmicas são abertas. Os átomos presos no turbilhão vital são modificados em seu movimento íntimo e arrastados num movimento diferente. Nessa viagem, são elaborados, sua constituição química é modificada.
 
Terminado seu trajeto, são abandonados não mais vivos, mas inertes. Os átomos são, assim, alinhados em séries bipolares e a viagem da vida realiza-se entre dois extremos: nascimento e morte.
 
Agora sabeis que somente as substâncias orgânicas, constituídas de cadeias abertas de átomos (ou grupo de átomos) são aceitas pelos seres no âmbito da vida, enquanto as substâncias cíclicas, os compostos de cadeia fechada, não são tolerados. Tudo isso coincide com a estrutura cinética do sistema vorticoso, aberto e pronto a admitir no próprio âmbito sempre novos impulsos. 

É óbvio que, num sistema cíclico, uma cadeia de átomos fechada em si mesma não pode ser admitida, porque não oferece acesso. A linha das transformações químicas é dada pelo eixo do sistema vorticoso.
 
Vimos que esse eixo era dado pela onda degradada de $ \beta $. Assim, cada indivíduo biológico, se é físico no exterior, é sempre, embora em graus diferentes, psíquico em seu centro interior, justamente porque é de origem elétrica o eixo do sistema vorticoso. Nos primeiros níveis, a eletricidade e o psiquismo, que dela nascerá nos níveis mais elevados, estão sempre no centro do fenômeno vital. 

Como o eixo atrai para o redor de si um sistema vorticoso, assim o princípio psíquico atrai e sustenta em torno de si uma vestimenta orgânica. Então, a linha do transformismo vital — seja cadeia de reações químicas, seja desenvolvimento individual, seja evolução biológica — já estava traçada e contida na linha da expansão dinâmica (onda). Vede como a evolução da vida, em seu impulso interior, determinante das formas, está em linha de continuidade com a difusão de $ \beta $ e com a evolução das espécies dinâmicas.



08/05/2015



55. 

TEORIA DOS MOVIMENTOS 

VORTICOSOS

 





Vimos como o trem eletrônico da onda dinâmica degradada ataca o edifício atômico, penetra-o e desloca-lhe o equilíbrio íntimo, e como, por essa emissão dinâmica, o sistema planetário de forças se transforma num sistema vorticoso.
 








Este é o germe da vida em sua estrutura cinética. Observemos-lhe a complexa constituição e sua resposta à realidade dos fenômenos daquela que, vos disse, poderia ser tomada como teoria cinética da vida, ou teoria dos movimentos vorticosos, colocando-a como base da química orgânica (química cinética).
 
Antes de tudo, observai minha colocação do problema da vida, totalmente diferente da ciência. Esta procura, na evolução, a origem das formas. Eu, ao invés, exponho a origem dos princípios, a causa pelas quais as formas são modeladas como última consequência. Por aí se conclui que, enquanto a ciência se move na multiplicidade dos efeitos e fica do lado de fora dos fenômenos, eu atinjo a unidade e penetro no âmago das causas. 

É lógico que, alcançando a substância dos fenômenos, a química deva transformar-se até atingir a abstração filosófica. Também é lógico que, evoluindo vossa ciência de sua atual forma exterior e de superfície, até sua mais completa forma de ciência substancial e profunda, deva transformar-se em ciência abstrata, aproximando-se daquela unidade fundamental em que os conceitos da matemática, da filosofia, da química, da biologia etc., são uma só coisa. Aprofundemos, pois, o problema da gênese dos princípios da vida.
 
Sabeis que os vórtices giram em torno de um eixo. Que é em redor desse centro múltiplo que se desloca a série dos equilíbrios instáveis do sistema. Esses equilíbrios, com uma diferença fundamental dos daquele do sistema atômico, renovam-se continuamente, a cada instante demolindo-se e reconstruindo-se. O Eixo é a alma do sistema atômico vital, assim como o núcleo é a alma do sistema atômico inorgânico

Quando um trem eletrônico ataca um átomo depois do outro, não altera apenas a trajetória dos satélites do sistema, mas atinge os núcleos, embora fossem estes antes centros de sistemas separados, ele os funde agora em cadeia, num sistema cinético único. Já se começam a entrever as primeiras características do novo organismo de forças, as características fundamentais da vida. A penetração eletrônica quebrou os sistemas dinâmicos fechados dos átomos, combinou-os junto num sistema dinâmico múltiplo aberto. 

A linha e a direção do eixo são geradas e governadas pela onda degradada que, propagando-se no espaço, encontra um aglomerado de átomos e arrasta os sistemas eletrônicos deles, equilibrando os núcleos em cadeia. Eis porque apenas a onda degradada pode gerar nos amontoados de átomos o vórtice genético da vida.
 
Ora, esse eixo do vórtice representará, na vida, a linha de metabolismo, função universal e fundamental do mundo orgânico. A direção do contínuo processo de assimilação e desassimilação é a própria direção da onda, provocada por aquele impulso que vimos ser irreversível. Na vida, o metabolismo é a expressão da linha irreversível da evolução. Vede como nenhuma característica, mesmo a mais embrionária e longínqua, destrói-se; ao contrário, em cada uma delas está contido o germe dos grandes desenvolvimentos. 

O mundo dinâmico de $ \beta $ contém, à maneira de semente, todo o desenvolvimento da vida, todas as notas fundamentais da grande sinfonia. Aquela simples trajetória ou direção se desenvolverá num princípio diretor, com objetivo, numa individualidade e personalidade, no psiquismo. Notai também como a imissão dinâmica corresponde à contínua reorganização das unidades menores em superiores unidades coletivas (lei das unidades múltiplas). 

Com efeito, temos aqui não mais amontoados ou aglomerações, mas organismos de átomos. Notai como nesta reorganização mais ampla, acentua-se o desenvolvimento das notáveis características embrionárias das formas inferiores. Aqui também encontrais a linha dos ciclos múltiplos (cfr. fig. 5), que vos ensina que o ciclo maior é apenas a resultante do desenvolvimento dos ciclos menores. 

Neste caso, a realização orgânica é somente o produto do amadurecimento atômico (estequiogenética, ou seja, desenvolvimento dos sistemas planetários nucleares ou eletrônicos). Olhando assim, em seu íntimo, o universo vos surge, a cada passo, de divina grandiosidade. Individuado, o eixo do sistema vorticoso apresenta-se-vos com características especiais. 

Podeis imaginar que potência cinética ele encerra, pois, é uma cadeia de núcleos em redor dos quais continuam a gravitar e a girar os elétrons atômicos, a cujas atrações e repulsões somaram-se as dos elétrons recém-chegados da onda degradada de $ \beta $. Assim, o eixo do sistema tem duas extremidades, caracterizadas por qualidades diferentes: uma extremidade, ou pólo positivo ou de penetração ou de ataque (pelo qual propaga-se o movimento), e a outra, um pólo negativo, final ou de separação (no qual o movimento se extingue). 

A linha de propagação da energia, que se torna eletricidade, sinal + e –, está para tornar-se vida, o princípio do nascimento e da morte. Como vedes, sistema aberto e em contínuo movimento. Eis donde nascem a rapidez do metabolismo e a instabilidade química, que são características fundamentais dos fenômenos da vida.
 
Somente a infusão do princípio estático de $ \gamma $ , do princípio dinâmico de $ \beta $, podia produzir esse terceiro princípio psíquico de $ \alpha $. A matéria $ \gamma $ apenas conquistara a dimensão espaço e $ \beta $ apenas a dimensão tempo, somente da fusão das duas dimensões podia nascer a terceira: a consciência. 

Pois este é o primeiro sistema cinético atingido pela Substância que, sendo aberto e em movimento, distingue o interno do externo, ou seja, contém o princípio da distinção entre o Eu e o ambiente, afirmando sua individualidade e projeta-se para o exterior, para fora de si, ato fundamental, base da percepção e do desenvolvimento da consciência. 

Nessa capacidade do sistema vorticoso de projetar-se para fora de si, portanto, de combinar os próprios movimentos com os de outros sistemas vizinhos e de sentir-lhes o influxo, nessa receptividade cinética, nessa possibilidade de assimilação de impulsos externos, existe o germe daquele contínuo registro e assimilação de impressões, que está na base do desenvolvimento da consciência. Veremos como esta se dilata continuamente.
 
Aquilo que desce ao âmago do Eu e aí se fixa em automatismos, que mais tarde serão os instintos, é apenas o impulso de uma força que se fixa, absorvida nos equilíbrios do sistema cinético-dinâmico do vórtice vital. Este é instável e mutável, mas para que tenha uma ação constante, ele penetra e se fixa, também, nessa instabilidade, que não é caos, mas apenas um equilíbrio mais complexo, resultante de miríades de equilíbrios menores. 

É importante pesquisar nas formas inferiores os germes e a primeira gênese também das mais altas formas de vosso psiquismo, porque nessa base científica e racional basearei minhas conclusões nos campos que parecem estar muito longe, no entanto, estão próximos do mundo ético e social. 

Vede que a íntima elaboração evolutiva ou descentralização do princípio cinético da Substância, ou manifestação da Divindade, desenvolve-se de uma simples trajetória dinâmica, dirigida de um pólo + a um pólo -: a linha do metabolismo orgânico, primeiro construtor de corpos; depois a linha do metabolismo psíquico, construtor de almas.
 
Nessa fusão de extremos, sentis a verdade de meu monismo.


07/05/2015


54. 

A TEORIA CINÉTICA DA GÊNESE DA VIDA E OS PESOS ATÔMICOS









Procuremos pesquisar na realidade dos fenômenos alguns efeitos desta íntima transformação de movimento, da qual nasce a vida e se manifesta seu psiquismo: transformação da química inorgânica em química orgânica. 













Neste campo, existem fatos que podem demonstrar-vos a realidade daquela que podeis tomar como teoria cinética da gênese da vida, compreendida como manifestação devida a uma emissão de radiações dinâmicas de composição eletrônica no sistema planetário atômico. 

Nem todos os átomos reagem igualmente ao mesmo impulso; nem todos estão igualmente prontos para serem arrastados no ciclo da vida. A resistência à penetração eletrônica não é constante para os vários corpos simples, mas muda exatamente de acordo com o seu peso atômico. Este fato tem um significado importante. 

A radiação eletrônica pode atacar todos os átomos, mas os mais leves são mais rápidos a obedecer, essa capacidade receptiva vigora em razão inversa de seu peso atômico. Escalonando os corpos simples, de acordo com o peso atômico progressivo, como na série estequiogenética, verificais que é máxima para os pesos atômicos mínimos, e mínima para os pesos atômicos máximos, a capacidade desses corpos simples de ficarem ligados em círculo. 

Ou seja, de serem transportados, através do turbilhão vital, numa vida breve, imensamente mais rápida e intensa do que sua própria vida, o que significa receber no próprio âmbito cinético a radiação eletrônica que lhe intensifica o ritmo. Por que, então, o peso atômico é base da escolha dos materiais de sustentação da vida? 

Porque o trem eletrônico encontrará menor resistência para penetrar nos sistemas atômicos mais simples, com uns poucos elétrons, do que naqueles mais complexos, com muitíssimas órbitas eletrônicas. Vimos que, do H ao U, o aumento de peso atômico significa progressiva saída do núcleo e estabilização das órbitas de sempre novos elétrons, até o máximo de 92, além do qual o sistema atômico se desagrega.

É óbvio que as radiações de um sistema cinético mais rudimentar sejam mais fracas do que a dos mais complexos; e que seja mais fácil transformar o equilíbrio dos movimentos no primeiro caso do que do segundo. Os sistemas planetários mais simples, menos numerosos de satélites, deixar-se-ão plasmar mais facilmente em novas trajetórias, do que os sistemas densos de elétrons, turbilhonando em movimentos mais intensos. 

Quanto maior o número de elétrons, maiores serão a massa e a inércia, isto é, a resistência a absorverem impulsos externos. Esses íntimos deslocamentos cinéticos constituem a substância do fenômeno da transmutação da matéria inorgânica em orgânica, reduzível em sua essência, como já dissemos, a um cálculo de forças. 

Essas concordâncias são uma prova de que o fenômeno “vida” é, substancialmente, a resultante de uma assimilação pelo sistema atômico de um movimento eletrônico, justamente porque os elétrons do átomo oferecem uma resistência proporcional a seu número. Aí está uma confirmação da teoria cinética da gênese da vida.
 
Se observarmos os corpos simples, não mais, como vimos, na química inorgânica, mas como eles se comportam na química orgânica, ou seja, a maneira como eles são admitidos e tolerados no organismo vivo, vemos que H, C, N, O (a que correspondem os pesos atômicos 1, 12, 14 e 16, os mais baixos da escala) são os corpos fundamentais da vida, como também são os mais largamente difusos na atmosfera, onde nasce a vida em vosso planeta no período da gênese vital: 

Hidrogênio, Carbono, Nitrogênio e Oxigênio, no estado de vapor d’água, H2O; de gás carbônico, CO2; e no estado livre, N e O1.
 
Vêm depois os corpos sucedâneos dos fundamentais, que podem substituí-los parcialmente e são aceitos em doses moderadas. Seu peso atômico não ultrapassa 60, e temos em ordem de peso atômico: 

Lítio2 (Li=7); Boro5 (Bo=11); Flúor (Fl=19); Sódio (Na=23); Magnésio (Mg=24); Silício (Si=28);Fósforo (P=31); Enxofre (S=32); Cloro (Cl=35,5); Potássio (K=39); Cálcio (Ca=40); Alumínio3 (Al2=27,1); Manganês4 (Mn=55); Ferro4 (Fe=56); Níquel5 (58,5); Cobalto5 (Co=58,7).
 
Seguem-se os corpos que, mesmo entrando para fazer parte da vida orgânica, não são aceitos senão em doses pequeníssimas. Seu peso atômico não ultrapassa 137 e, de acordo com seu peso, estão na seguinte ordem:
 
Cobre7 (Cu=63,5); Zinco7 (Zn=65,4); Arsênico10 (AS=75); Bromo6 (Br=80); Rubídio8 (Ru=85,5); Estrôncio9 (Sr=87,6); Iodo6 (I=127); Bário9 (Ba=137,4).
 
Se continuarmos ainda a subir até os mais altos graus na escala dos pesos atômicos, verificaremos que os corpos que aí encontramos normalmente não se encontram nos organismos e, se têm ingresso no ciclo vital, só são tolerados em doses mínimas (isto é fundamental também em seu uso terapêutico). Temos:
 
Selênio (Se=79); Prata (Ag=108); Estanho (Sn=118); Antimônio (Sb=122); Telúrio (Te=127); Platina (Pt=195); Ouro (Au=197); Mercúrio (Hg=200); Chumbo (Pb=207).
 
Chegamos, enfim, aos pesos atômicos máximos dos corpos radioativos, utilizáveis terapeuticamente pelo dinamismo de suas radiações, mas sem propriedades biológicas intrínsecas. A instabilidade de seu equilíbrio interior representa um sistema atômico em desfazimento, que foge para as formas dinâmicas e é o menos apto para ser retomado nas coordenações cinéticas de ordem mais complexa. 

A emanação eletrônica desses corpos, embora possa excitar, no átomo, a aptidão para entrar no ciclo vital, fica sempre por fora dele. Para poder penetrá-lo, tem que primeiro atravessar toda a maturação das formas dinâmicas, até o máximo de degradação. Temos, pois:
 
Polônio (Po=210); Rádio (Ra=226); Tório (Th=232,4); Urânio (U=238), ou seja, os corpos de sistema atômico mais complexo com órbitas mais numerosas, os mais resistentes a qualquer penetração cinética; justamente porque essas órbitas são lançadas e abrem-se na periferia, em direção exatamente contrária ao trem superveniente de radiações elétricas de onda degradada.


06/05/2015


53. 

GÊNESE DOS MOVIMENTOS VORTICOSOS






Exposta a questão em seus termos gerais, vejamos, agora, mais particularmente, que mudanças assume o movimento no ponto de passagem de $ \beta $ a $ \alpha $. Vimos em $ \gamma $ que, ao abrirem-se as órbitas dos elétrons, estes escapolem delas, gerando $ \beta $











Vimos em $ \beta $, a onda extinguir-se, com a progressiva extensão de seu comprimento e diminuição da frequência vibratória. Na última fase de degradação a onda se tenderia a tornar-se retilínea, se pela natureza qualquer reta não fosse uma curva, como toda trajetória circular é uma espiral que se abre ou se fecha. 

Vejamos agora como esta onda amortecida penetra no edifício atômico. O princípio cinético da vida é único em vosso universo, constituído pela forma dinâmica (eletricidade), na última fase de degradação. Em virtude da natureza da energia, que está em contínua expansão no espaço, o princípio da vida difunde-se por toda a parte, tal como a luz e as outras formas dinâmicas. Ele propaga-se como forma vibratória, até que encontre uma resistência numa aglomerada massa. 





Assim, a energia que, por sua natureza, espalhou-se nos espaços, portanto é onipresente, atinge qualquer condensação de matéria. Então, penetra na íntima estrutura planetária, justamente porque é a direção retilínea que possui o máximo poder de penetração. As trajetórias cinéticas apresentam respostas diferentes a essa penetração eletrônica, de acordo com seu tipo de natureza. 

O primeiro germe da vida, por isso, é universal e idêntico, sempre aguardando o desenvolvimento; um desenvolvimento que só chegará a realizar-se quando se verificarem circunstâncias favoráveis; um desenvolvimento que, embora partindo do mesmo princípio, manifestar-se-á diferentemente, de acordo com as diferentes condições do ambiente. 

Onde $ \beta $ toca em $ \gamma $, esta exulta num novo girar íntimo; onde $ \beta $ une-se a $ \gamma $, nasce $ \alpha $, a vida (princípio de dualidade e trindade). Conforme a natureza e reações da matéria, varia o fenômeno, e aparecem, enfim, as diferentes manifestações do mesmo princípio, único e universal. Que perturbação ocorre, então, no edifício atômico? 

Vimos que, na desagregação da matéria existe um trem de elétrons, sucessivamente lançado fora do sistema planetário atômico em demolição, justamente isso, constitui a gênese das formas dinâmicas. Quando esse trem de unidades que se impelem mutuamente atinge, como uma flecha, o equilíbrio normal atômico, produzido pelo girar das órbitas eletrônicas em redor do núcleo, o edifício atômico fica profundamente perturbado. 

Esse fenômeno só pode verificar-se quando $ \beta $ tenha atingido seu grau máximo de evolução, isto é, de degradação dinâmica (mínima frequência vibratória e máximo comprimento de onda), porque até que os tipos dinâmicos assumam a forma vibratória ondulatória, não têm suficiente potência de penetração e deles não pode nascer a vida. 

Então, o momento da gênese é dado por um equilíbrio exato de forças. Pelas resultantes desse equilíbrio é dado o desenvolvimento da vida e de suas formas. Como vimos ser a química inorgânica reduzível a um cálculo matemático de mecânica astronômica, assim é a constituição íntima da vida, embora resultante de sistemas de forças extremamente mais complexos. 

Então, somente um trem de elétrons que constituem energia elétrica extremamente degradada — isto é, somente $ \beta $ quando chegou ao último limite evolutivo de suas espécies dinâmicas — pode trazer mudanças radicais à íntima estrutura do átomo; mudanças não casuais, desordenadas, caóticas, mas produzidas por nova ordem de movimentos, mais complexa e profunda. 

Os deslocamentos cinéticos da Substância obedecem constantemente a uma lei de equilíbrio e são resultantes de impulsos precedentes; constituem sempre uma ordem perfeita, em que estão equilibradas ação e reação, causa e efeito. Isto se verificou na projeção dos elétrons da desintegração atômica radioativa (gênese da energia); isto se verifica agora nos deslocamentos interatômicos devidos à ação dos novos elétrons que chegaram. Detenhamo-nos um momento nesta reaproximação entre eletricidade e vida, para compreender porque, exatamente, essa força está colocada no início da nova manifestação. 




Sabeis que o equilíbrio interno do átomo e as órbitas de seu sistema planetário são regidas por atrações e repulsões de caráter elétrico; é o balanceamento entre esses impulsos e contra-impulsos que lhe mantém a estrutura numa condição de estase exterior. Por si nada se presta tanto a deslocar o equilíbrio do sistema e a penetrar nesse movimento, quanto a intervenção de novo impulso ou ação da natureza elétrica. 

Assim, a eletricidade enxerta-se na vida e a encontrareis sempre presente, especialmente se a considerais, como vos disse, em seu íntimo dinamismo motor. Embora aperfeiçoando-se, como tudo se aperfeiçoa por evolução, isto é, adquirindo em qualidade o que perde em quantidade — por uma degradação paralela à dinâmica, que vimos — também na vida subsiste sempre a fonte original de natureza elétrica.

Ela origina todos os fenômenos nervosos que guiam e sustentam o funcionamento orgânico. Na base da vida existe integralmente um sistema elétrico de fundamental importância, que preside a tudo. A eletricidade permanece sempre como centro animador e substância interior da vida, da qual ela assume sempre a função central diretora, a mais importante. 

Essa sobrevivência, em posição tão conspícua, bastaria para demonstrar a parte substancial que a eletricidade deve ter tido na gênese e no desenvolvimento da vida. E ainda quando atinge as formas de magnetismo, vontade, pensamento e consciência, permanece o mesmo princípio, embora alçado às fases de máxima complexidade. Trata-se, verdadeiramente, da continuação do mesmo processo de degradação, que se estende das formas dinâmicas até às formas psíquicas.
 
Quando, num sistema rotatório, sobrevém nova força, esta se introduz no sistema e tende a somar-se e a fundir-se no tipo de movimento circular preexistente. Podeis imaginar que complicações profundas ocorrem no entrelaçamento já complexo das forças atrativo-repulsivas. 

O simples movimento circular agiganta-se num movimento vorticoso mais complexo. Pela emissão de novos elétrons, o movimento não apenas complica sua estrutura, mas se reforça, alimentado por novos impulsos. Ao invés de um sistema planetário, tereis nova unidade, que vos recorda os redemoinhos de água, as trombas marinhas, os turbilhões e ciclones. O princípio cinético de $ \gamma $ é retomado, assim, por $ \beta $, numa forma vorticosa muito mais complexa e poderosa. 

Nasce, dessa forma, nova individuação da substância, desta vez verdadeiro organismo cinético, em que todas as criações, conquistas, ou seja, trajetórias e equilíbrios precedentemente constituídos, subsistem, mas coordenando-se. Veremos como o tipo dinâmico do vórtice contém, em embrião, todas as características fundamentais da individuação orgânica e do Eu pessoal. 

Nesta nova forma de movimento, organização de sistemas planetários, coordenação complexa de forças, na própria instabilidade da nova construção e na rapidez das contínuas trocas com o ambiente, em seu mais intenso devenir de equilíbrio que, mesmo mudando, sempre reencontram seu fio condutor, revela-se aquele psiquismo, o mais requintado dinamismo com que a energia surge na vida. 

Princípio novo, mas filho dos precedentes; simples expansão de potências concentradas no estado de latência; novo modo de existir da Substância, que atingiu a periferia das manifestações.A primeira expressão de a assume, então, a forma do vórtice. O tipo do movimento do átomo físico combina-se consigo mesmo em movimentos mais complexos por obra da nova emissão dinâmica. 

O termo sânscrito "Vivartha" significa exatamente esse processo, que desde a concepção hindu até as mais modernas hipóteses científicas, exprime a substância dos fenômenos do universo [12]. Mas a essência de a não é o vórtice. Este é apenas sua manifestação, a forma exterior de que se reveste aquele princípio imaterial. 

O espírito, a, está na Substância, esta é movimento (velocidade), é aquilo que movimenta, guia, anima e dirige o vórtice, sem o qual este perderia seu tipo, sua resistência e se extinguiria, reabsorvido no indiferenciado. Não o encontrais e, portanto, não podeis observar senão fenômenos, isto é, efeitos, manifestações. Somente podeis tocar a exteriorização do princípio e, apenas a partir dela, podeis penetrar o centro e encontrar a causa. Digo isto a fim de evitar dúvidas e mal-entendidos. 

Se $ \beta $ já o era, a é muito mais um princípio absolutamente imaterial, que permanece sempre distinto da matéria, embora a anime e a mova de seu centro. Aliás, já vos disse que a matéria é velocidade e que o átomo, como o elétron, é um sistema de forças; então não se pode entender por vórtice, mesmo no sentido mais material, senão um movimento que arrasta consigo outros movimentos. Vosso separatismo, que divide corpo e espírito, portanto, não tem sentido, especialmente como antagonismo. 

Trata-se apenas de dois pólos do ser, de dois extremos, que se comunicam por constantes trocas e contatos, de uma zona de trajetória em caminho. Vossos conceitos habituais não têm mais nenhum significado, quando se olha no âmago das coisas. Se me perguntais: por que a, o espírito, manifesta-se nesse momento do transformismo evolutivo e que relações possa ter a origem dos movimentos vorticosos com o surgimento da consciência? 

Eu vos direi: se a fase $ \beta $ conquistou a dimensão tempo, agora a imersão do movimento de $ \beta $ no movimento de $ \gamma $ representa a construção de edifícios, verdadeiros organismos dinâmicos, que constituem as manifestações de novo princípio de coordenação e direção de movimentos. Isso significa a gênese da nova dimensão consciência. 

A consciência, que hoje é de superfíce e analítica, transformar-se-á num organismo ainda mais complexo de movimentos vorticosos, numa animadora de nova potência, a dimensão superconsciência sintética de intuição, a dimensão volumétrica, máxima de vosso sistema. Então a matéria se desmaterializará de sua forma atômica e o ser sobreviverá além do fim de vosso universo físico e de suas dimensões.

[12] - Reveja a trajetória típica dos movimentos fenomênicos, no capítulo 26 (53.6)

52. 

DESENVOLVIMENTO CINÉTICO DA SUBSTÂNCIA
 






A vida é um impulso íntimo. Temos de estudar a gênese desse impulso. Precisamos nos referir ao que dissemos no estudo da cosmogonia atômica e dinâmica. 










Vimos lá que a substância da evolução é a expansão de um princípio cinético que se dilata continuamente, do centro à periferia: uma extrinsecação de movimento que passa do estado potencial ao estado atual; uma causa que permanece idêntica a si mesma, embora produzindo seu efeito. 

As infinitas possibilidades concentradas num processo involutivo precedente manifestam-se nesse inverso e compensador movimento centrífugo evolutivo. Vossas fases $ \gamma $ , $ \beta $, $ \alpha $, são apenas três zonas contíguas desse processo de descentralização. Vossa evolução atual está suspensa entre centro e periferia: dois infinitos. 

Somente colocados assim, como substância cinética da evolução, são os fenômenos compreensíveis e analisáveis; somente reduzidos assim a seu último termo. O movimento assume formas diferentes e cada forma é um grau, uma fase da evolução, um modo de ser da Substância. 

No âmago existe o movimento e, quando a Substância muda sua trajetória, exterioriza-se à vossa percepção uma correspondente mudança de forma: o movimento assume uma roupagem diferente. No fundo, isso é apenas a expressão do pensamento de Deus.
 
Para que possa o impulso proveniente do centro atingir a periferia e deslocar de uma fase o sistema dinâmico de vosso universo, é necessário que atravesse as fases intermediárias e se apresente ao limiar de novo período, como produto e última elaboração cinética dessas fases. 

Como a energia, logo que nasceu, dirigiu-se de imediato para a matéria, a fim de movê-la, animá-la e fecundá-la com seu impulso dinâmico e elevá-la para uma vida mais intensa, assim a vida, filha da energia, volta-se subitamente para trás, em direção à matéria, a fim de arrastá-la para novo turbilhão de trocas químicas, antes ignoradas por ela. 

Isso para que a trindade das formas possa fundir-se numa unidade e seja profunda a maturação de cada fase. Por isso, o movimento é retomado pelo movimento da fase sucessiva, melhorado e aprofundado, aperfeiçoado, amadurecido. É o novo impulso, máxima manifestação dinâmica, que se dobra sobre a estrutura atômica e se reveste dessa manifestação. 

Esse conúbio é necessário para que a nova forma, a, encontre sua manifestação e os movimentos de $ \gamma $ sejam levados a um grau maior de perfeição. Assim se manifesta o psiquismo da vida, por meio de combinações da química, mas elevada ao grau mais alto de química orgânica.
 
A expansão cinética do impulso central significa, portanto, uma retomada de todos os movimentos precedentes, uma reconstrução de todos os equilíbrios já constituídos. Tudo o que nasce tem que renascer cada vez mais profundamente. Em nova manifestação desse princípio do psiquismo, a matéria revive, fecundada por um poder de direção e de escolha, que lhe penetra a íntima estrutura e a permeia toda com uma febre de vida nova. 

A nova potência, que nasceu de $ \beta $, compõe para si, das formas já aparecidas e elaboradas da matéria, um corpo de que ela é a alma, em cujo íntimo ela age. A matéria e a energia tornam-se meios externos, dominados e guiados por esse movimento de ordem superior. 

Só por esse caminho e através desse complexo trabalho de íntima e profunda maturação da matéria e da energia, isto é, complicação e aperfeiçoamento dos movimentos e dos equilíbrios da Substância, o princípio do psiquismo se expande e atua no mundo dos efeitos e realizações, e fixa sua marca na caminhada evolutiva. 

Para que o princípio possa estabilizar-se nesta zona periférica das manifestações, tem que refazer-se nas zonas intermediárias, fundir o próprio movimento nos seus movimentos, aperfeiçoá-los, arrastando com o próprio impulso as suas trajetórias, para novos tipos e novas direções. Assim, a matéria é novamente trazida para a circulação e erguida como sustentação de nova manifestação. 

É por meio desse amplexo e dessa fusão, é por intermédio dessa ajuda, pela qual o mais estende-se para o menos, que se avança. O movimento jamais abandona as construções já estabelecidas, mas faz evoluir e aperfeiçoa-lhes o equilíbrio. A evolução é íntima, universal. 

Não admite armazenamento de materiais de refugo. Essa retomada sempre em circulação ascensional constitui a natureza daquela maturação cinética da Substância, é a essência da evolução. Somente agora podeis alcançar a visão completa da estrutura cinética da Substância.


Comentários de gilson Freire:

52 - Desenvolvimento do Princípio cinético da Substância

Vida: maturação cinética da substância
 
O impulso da vida age na intimidade da matéria onde é inerente. A substância da evolução é a expansão de um princípio cinético que se dilata continuamente do centro à periferia – “a extrinsecação de um movimento” – movimento que assume formas diferentes na caminhada evolutiva. Movimento que se faz numa circunvolução ascensional, proveniente da própria natureza da substância, oriundo de sua poderosa vontade de realização e é a essência da evolução.
 
A vida então é filha da energia. Esta, amadurecida, se volta para trás, para tomar a matéria e amadurecê-la também, para que a substância se funda em sua trindade, permitindo a sua mais profunda maturação. Investe contra o edifício atômico, elevando-o à condição de matéria orgânica. Desta forma a vida nada mais é do que a expansão cinética de um impulso central que sempre existiu. É uma retomada de todos os movimentos precedentes, reconstrução de equilíbrios já conquistados e não um exótico, raro e casual fenômeno do Universo – daí a Grande Síntese denominá-la de “maturação cinética da substância”.

05/05/2015


51. 

CONCEITO SUBSTANCIAL DOS FENÔMENOS BIOLÓGICOS







A evolução das espécies dinâmicas trouxe-nos até à forma “eletricidade”, situada no mais alto nível, nas fronteiras da energia. Vimos que, substancialmente, a degradação dinâmica não é senão evolução, isto é, passagem para as formas menos poderosas e cinéticas, mas mais sutis, complexas e perfeitas. 








Vosso universo caminha visivelmente de um estado de caos — apenas a fase tensão da primeira explosão dinâmica — para um estágio final de ordem, ou seja, de equilíbrio e coordenação de forças. Aquela é a fase de preparação e esta o ambiente em que nasceu a vida. Em outras palavras, o fato de que a evolução dinâmica atingiu a forma eletricidade, significa formação de um ambiente mais equilibrado, onde é possível aquela nova ordem (isto é, coordenação e organização superior de forças) que a denominais vida. 

Essa nova ordem se aperfeiçoará cada vez mais, em prosseguimento do caminho evolutivo já percorrido, para coordenações e organizações mais complexas e completas: orgânicas, psíquicas e sociais. Pois, com a vida, inicia-se também a manifestação de suas leis e de seus equilíbrios superiores, que dirigirão, nos níveis mais altos, também vossa existência individual e coletiva.
 
Como ocorre a transformação da eletricidade em vida? Compreende-se essa passagem pela redução do fenômeno, como o fizemos para as formas de $ \gamma \rightarrow \beta $, à sua substância ou íntima estrutura cinética. Desde as primeiras fases da vida, o ritmo dinâmico transforma-se em outros ritmos, que se fundem em harmonias mais complexas, em verdadeira sinfonia de movimentos. 

A matéria vos deu o princípio estático da forma; a energia, o princípio dinâmico da trajetória e transmissão; a vida vos dará o princípio psíquico do organismo e da consciência. Uma primeira observação fundamental: o modo pelo qual colocamos o problema do ser, com o transformismo $ \gamma \rightarrow \beta \rightarrow \alpha $ — isto é, como um fisio-dínamo-psiquismo — leva-nos a uma concepção de vida diferente da vossa, muito mais substancial. 

Geralmente procurais a vida em seus efeitos, não em suas causas; na forma, não no princípio. Conheceis da vida as últimas consequências, e descurasteis a priori e de propósito o centro gerador. Tivesteis até ilusão de poder reproduzir a gênese dos processos vitais, provocando os fenômenos últimos e mais afastados da causa determinante. 

Ora, a verdadeira vida não é uma síntese de substâncias protéicas, mas consiste no princípio que essa síntese estabelece e dirige; a vida não reside na evolução das formas, mas na evolução do centro imaterial que as anima; a vida não está na química complexa do mundo orgânico, mas no psiquismo que a guia.
 
Observai, agora, como nosso ingresso no mundo biológico ocorre precisamente por via das formas dinâmicas. Com a eletricidade, situada no vértice destas, desembocamos não na forma, mas no princípio da vida, no motor genético das formas. Isto porque caminhamos sempre aderentes à Substância e existimos no âmago em que está a essência dos fenômenos. 

Leva-nos este fato a uma colocação nova do problema da vida: 

compreendemo-lo totalmente em seu aspecto profundo e substancial (o lado psíquico e espiritual) e isto desde o primeiro aparecimento dos mais rudimentares fenômenos biológicos, em que já existe presente naquele psiquismo, embora rudimentarmente. 

A nossa biologia é de substância, não de forma. Alcançamos não a veste orgânica mutável, mas o princípio que não morre; não a aparência exterior dos corpos físicos, mas a realidade que os anima; não o que sai, mas o que fica; não o indivíduo nem as espécies em que se reagrupam as formas e se encadeiam em desenvolvimentos orgânicos, mas a expansão do conceito dirigente do fenômeno do psiquismo que vos preside; não a evolução dos órgãos, mas a evolução do Eu, que vos melhora e os plasma para si, como meios para a própria ascensão. 

Vista assim, em sua luz interior, a biologia coincide, também na análise crua de suas forças motrizes, com o mais alto espiritualismo das religiões. Isto se dá porque as vicissitudes do princípio psíquico que evolui da ameba ao homem, são as mesmas que depois amadurecem na ascensão espiritual da consciência, que se eleva a Deus pela fé. 

Pois, a pequena centelha se tornará incêndio, o primeiro vagido tímido será o canto potente de todo o planeta. Aqui vedes, chegando à completa e harmônica fusão, os princípios das religiões e os métodos do materialismo; vedes reunida a aspiração, ainda que cindida, do espírito humano.
 
As três fases de vosso universo são $ \gamma $ , $ \beta $, $ \alpha $. A passagem ocorre da matéria ($ \gamma $), para energia ($ \beta $) e para o espírito ($ \alpha $). As formas dinâmicas abrem-se por evolução, não na vida como a entendeis, mas no psiquismo que é a causa dessa vida. Assim o fenômeno da vida assume um conteúdo totalmente novo, um significado imensamente mais alto e, ao mesmo tempo, não fica isolado, mas se concatena com os fenômenos da matéria e energia. 

Podemos investigar a gênese científica do princípio espiritual da vida, sem minimizar com isso, de modo algum, a grandeza e a profundidade divina do fenômeno. A energia é o sopro divino que anima a matéria, elevando-a a nível mais alto. O Pentateuco, no capítulo 2º da Gênese, diz:
 
“O Senhor Deus, então, formou o homem da lama da terra, e soprou-lhe na face o sopro da vida e o homem foi feito alma vivente”.
 
A lama da terra é a matéria inerte, os materiais químicos do mundo inorgânico. O grande hálito que move e vivifica a matéria cósmica, isto é: 

anemo
 
, alma, espírito, paixão, turbilhão, não é apenas acrescentada a ela, mas funde-se com ela. 

Sabemos que Deus não é potência exterior, mas reside no íntimo das coisas, e no íntimo opera, profundamente, na essência. Não atribuais corpo e hálito à Divindade. Compreendei que naquelas palavras não pode existir mais do que uma humanização simbólica de uma realidade mais profunda.