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06/05/2015


52. 

DESENVOLVIMENTO CINÉTICO DA SUBSTÂNCIA
 






A vida é um impulso íntimo. Temos de estudar a gênese desse impulso. Precisamos nos referir ao que dissemos no estudo da cosmogonia atômica e dinâmica. 










Vimos lá que a substância da evolução é a expansão de um princípio cinético que se dilata continuamente, do centro à periferia: uma extrinsecação de movimento que passa do estado potencial ao estado atual; uma causa que permanece idêntica a si mesma, embora produzindo seu efeito. 

As infinitas possibilidades concentradas num processo involutivo precedente manifestam-se nesse inverso e compensador movimento centrífugo evolutivo. Vossas fases $ \gamma $ , $ \beta $, $ \alpha $, são apenas três zonas contíguas desse processo de descentralização. Vossa evolução atual está suspensa entre centro e periferia: dois infinitos. 

Somente colocados assim, como substância cinética da evolução, são os fenômenos compreensíveis e analisáveis; somente reduzidos assim a seu último termo. O movimento assume formas diferentes e cada forma é um grau, uma fase da evolução, um modo de ser da Substância. 

No âmago existe o movimento e, quando a Substância muda sua trajetória, exterioriza-se à vossa percepção uma correspondente mudança de forma: o movimento assume uma roupagem diferente. No fundo, isso é apenas a expressão do pensamento de Deus.
 
Para que possa o impulso proveniente do centro atingir a periferia e deslocar de uma fase o sistema dinâmico de vosso universo, é necessário que atravesse as fases intermediárias e se apresente ao limiar de novo período, como produto e última elaboração cinética dessas fases. 

Como a energia, logo que nasceu, dirigiu-se de imediato para a matéria, a fim de movê-la, animá-la e fecundá-la com seu impulso dinâmico e elevá-la para uma vida mais intensa, assim a vida, filha da energia, volta-se subitamente para trás, em direção à matéria, a fim de arrastá-la para novo turbilhão de trocas químicas, antes ignoradas por ela. 

Isso para que a trindade das formas possa fundir-se numa unidade e seja profunda a maturação de cada fase. Por isso, o movimento é retomado pelo movimento da fase sucessiva, melhorado e aprofundado, aperfeiçoado, amadurecido. É o novo impulso, máxima manifestação dinâmica, que se dobra sobre a estrutura atômica e se reveste dessa manifestação. 

Esse conúbio é necessário para que a nova forma, a, encontre sua manifestação e os movimentos de $ \gamma $ sejam levados a um grau maior de perfeição. Assim se manifesta o psiquismo da vida, por meio de combinações da química, mas elevada ao grau mais alto de química orgânica.
 
A expansão cinética do impulso central significa, portanto, uma retomada de todos os movimentos precedentes, uma reconstrução de todos os equilíbrios já constituídos. Tudo o que nasce tem que renascer cada vez mais profundamente. Em nova manifestação desse princípio do psiquismo, a matéria revive, fecundada por um poder de direção e de escolha, que lhe penetra a íntima estrutura e a permeia toda com uma febre de vida nova. 

A nova potência, que nasceu de $ \beta $, compõe para si, das formas já aparecidas e elaboradas da matéria, um corpo de que ela é a alma, em cujo íntimo ela age. A matéria e a energia tornam-se meios externos, dominados e guiados por esse movimento de ordem superior. 

Só por esse caminho e através desse complexo trabalho de íntima e profunda maturação da matéria e da energia, isto é, complicação e aperfeiçoamento dos movimentos e dos equilíbrios da Substância, o princípio do psiquismo se expande e atua no mundo dos efeitos e realizações, e fixa sua marca na caminhada evolutiva. 

Para que o princípio possa estabilizar-se nesta zona periférica das manifestações, tem que refazer-se nas zonas intermediárias, fundir o próprio movimento nos seus movimentos, aperfeiçoá-los, arrastando com o próprio impulso as suas trajetórias, para novos tipos e novas direções. Assim, a matéria é novamente trazida para a circulação e erguida como sustentação de nova manifestação. 

É por meio desse amplexo e dessa fusão, é por intermédio dessa ajuda, pela qual o mais estende-se para o menos, que se avança. O movimento jamais abandona as construções já estabelecidas, mas faz evoluir e aperfeiçoa-lhes o equilíbrio. A evolução é íntima, universal. 

Não admite armazenamento de materiais de refugo. Essa retomada sempre em circulação ascensional constitui a natureza daquela maturação cinética da Substância, é a essência da evolução. Somente agora podeis alcançar a visão completa da estrutura cinética da Substância.


Comentários de gilson Freire:

52 - Desenvolvimento do Princípio cinético da Substância

Vida: maturação cinética da substância
 
O impulso da vida age na intimidade da matéria onde é inerente. A substância da evolução é a expansão de um princípio cinético que se dilata continuamente do centro à periferia – “a extrinsecação de um movimento” – movimento que assume formas diferentes na caminhada evolutiva. Movimento que se faz numa circunvolução ascensional, proveniente da própria natureza da substância, oriundo de sua poderosa vontade de realização e é a essência da evolução.
 
A vida então é filha da energia. Esta, amadurecida, se volta para trás, para tomar a matéria e amadurecê-la também, para que a substância se funda em sua trindade, permitindo a sua mais profunda maturação. Investe contra o edifício atômico, elevando-o à condição de matéria orgânica. Desta forma a vida nada mais é do que a expansão cinética de um impulso central que sempre existiu. É uma retomada de todos os movimentos precedentes, reconstrução de equilíbrios já conquistados e não um exótico, raro e casual fenômeno do Universo – daí a Grande Síntese denominá-la de “maturação cinética da substância”.