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13/03/2015


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A GRANDE EQUAÇÃO DA SUBSTÂNCIA

 

 



 


Os dois movimentos


coexistem, portanto, continuamente, no universo, em um contínuo equilíbrio de compensação. Evolução e involução. A condensação das nebulosas e a desagregação atômica são nascimento e morte numa direção, morte e nascimento em outra. Nada se cria, nada se destrói, mas tudo se transforma. O princípio é igual ao fim.

Querendo exprimir essa coexistência, poderemos reunir as fórmulas dos dois movimentos, semiciclos complementares, numa fórmula única que representa o ciclo completo:

Mas definamos, ainda melhor, o conceito orgânico do universo, não mais considerando-o em seu aspecto dinâmico de movimento, mas em seu aspecto estático, no qual, mais que o transformismo dos três termos, ressalta sua equivalência. 

Em seu aspecto estático, as fórmulas tornam-se uma só fórmula, que denominaremos a “Grande Equação da Substância”, ou seja:


A letra $ \omega $ representa o universo, o todo.



Este é o conceito mais completo de Deus, ao qual só agora chegamos:  

a grande Alma do universo, centro de irradiação e de atração; Aquele que é tudo, o Princípio e suas manifestações. Eis o novo monismo que sucede ao politeísmo e ao monoteísmo das eras passadas.

Chamei àquela fórmula, a grande equação da substância, porque exprime as várias formas que a substância assume, embora sempre permanecendo idêntica a si mesma. Poderemos exprimir melhor o conceito com uma irradiação tríplice:

Dessas expressões ressalta um fato capital. Sendo $ \alpha $, $ \beta $ e $ \gamma $ três modos de ser de $ \omega $, este se encontra em todos os termos, inteiro, completo, perfeito, total, em todos os momentos. Tal é $ \omega $ em qualquer de seus modos de existência, assim o reencontraremos sempre em todo o seu infinito devenir.

Assim, a equação da substância sintetiza o conceito da Trindade, isto é, da Divindade una e trina, que já vos foi revelado sob o véu do mistério, e encontrais nas religiões.
A Lei, de que falamos, é o pensamento da Divindade, seu modo de ser como Espírito. O pensamento, concomitantemente vontade de ação, energia que realiza, tornar-se que cria, constitui seu segundo modo de ser, onde a criação se manifesta, nascendo daquilo a que chamais nada. Uma forma de matéria em ação é seu terceiro modo de ser; é a criação que existe, o universo físico que vedes. Três modos de ser distintos e, no entanto, identicamente os mesmos.

Assim $ \omega $ é o Todo, no particular e no conjunto, no átimo e na eternidade: 

em seu aspecto dinâmico é tornar-se, eterno no tempo, de 


e de 




sem princípio nem fim; mas o tornar-se volta sobre si mesmo, é imobilidade, em que




Ele é o relativo e o absoluto, é o finito em que se pulveriza o infinito, o infinito em que o finito se recompõe; é abstrato e concreto, é dinâmico e estático, é análise e síntese, é tudo.

A imensa respiração de
... etc., também poderia representar-se com um triângulo, ou seja, como uma realidade fechada em três aspectos:




Quando vossa ciência observa os fenômenos da criação, apenas tenta descobrir novo artigo da Lei; mas em qualquer lugar encontrou e encontrará, coexistindo, os três modos de ser de $ \omega $. A cada novo pensamento revelado, a ciência realizará uma nova aproximação de vossa mente humana em direção à ideia da Divindade. Também a ciência pode ser sagrada como uma oração, como uma religião, se for conduzida e compreendida com pureza de espírito.



os três modos de ser de ômega


Tudo o que vos disse é a máxima aproximação da Divindade que vossa mente pode suportar hoje. É muito maior que as precedentes, mas não é a última no tempo. Contentai-vos por enquanto. Ela vos diz que sois consciências que despertam, almas que regressam a Deus. 

É a concepção bíblica do Anjo decaído que reaparece; é a concepção evangélica do Pai, do Filho e do Espírito; é a concepção que coincide com todas as revelações do passado, também com vossa ciência e com vossa lógica; é a concepção de Cristo que, pela dor, vos redimiu. Muitas coisas ainda existem, mas para vós, hoje, por enquanto, permanecem no inconcebível. O universo é um infinito e vossa razão não constitui a medida das coisas.






Não ouseis olhar a Divindade mais de perto, nem definir mais além, considerai-a antes como um resplendor ofuscante que não podeis olhar. Considerai cada coisa que existe e vos cerca como um raio de seu esplendor que vos toca. Não reduzais a Divindade a formas antropomórficas, não a restringeis em conceitos feitos à vossa imagem e semelhança. Não pronuncieis Seu Santo Nome em vão. Seja Deus vossa mais alta aspiração, tal como o é de toda a criação. 

Não vos dividais entre ciência e fé, entre as diversas religiões, com o único intuito de encontrá-Lo. Ele está, acima de tudo, dentro de Vós. No profundo dos caminhos do coração como nos do intelecto, sempre Deus vos espera para retribuir-vos o amplexo que vós, mesmo sendo incrédulos, em vossa agitação confusa e convulsiva, irresistivelmente Lhe lançais, pelo maior instinto da vida.

Comentários de Gilson Freire:

O respiro do Universo
 

Os dois movimentos coexistem em constante equilíbrio de compensações a todo instante no Cosmos. A formação das nebulosas, o nascimento e morte das estrelas e nossa própria vida encontram aí sua base de existência. 

Estes dois movimentos podem ser reunidos em um círculo, onde podemos ter uma visão geral do ciclo (figura 1).
 

A grande equação da substância
 

Representando o Todo, o Universo, por $ \omega $, a Grande Síntese nos apresenta a equação da substância em seus momentos estático, dinâmico e unitário, como se pode verificar nas figuras correspondentes. 

São fórmulas que expressam o monismo da Criação, onde tudo se inter-relaciona e tem uma origem comum. Tudo se irmana, como frutos de uma mesma fonte, Deus. Uma substância, indefinível ainda em sua natureza, mas que se molda em tudo que conhecemos, eis a técnica de Criação adotada pelo Criador.
 

A substância se transmuta, mas é sempre idêntica a si mesma
 

Na fórmula dinâmica podemos notar a primeira fase, de fuga ou queda e a segunda de reconstrução de $ \omega $. Embora $ \omega $ se expresse de muitas formas e assuma padrões incompletos e imperfeitos em seus diversos momentos, segundo a sua trajetória, ela permanece em seu todo, sempre completa e perfeita.
 

A Divina Trindade
 

Aqui nos encontramos com o conceito da Divina Trindade, que nos foi revelado pelas religiões. Eis como Deus pode criar do nada. $ \omega $ é o Relativo e o Absoluto, o abstrato e o concreto, é tudo.
 

Os três elementos nunca existem isoladamente
 

Em qualquer lugar ou em qualquer fenômeno do nosso Universo encontraremos sempre a substância em seus três momentos, com o predomínio de um deles, caracterizando a sua manifestação naquele instante. 

Somos também a união destes três estados da substância e nunca os encontraremos isoladamente. Assim a substância se manifesta em graus diversos, configurando cada estado que a vemos. 

Na matéria bruta, $ \gamma $ é máximo, $ \beta $ médio e $ \alpha $, mínimo. 

Na energia $ \beta $ é máximo e no ser consciente, $ \alpha $ é que se expressa com maior peso. 

A evolução nada mais é do que um processo que visa transformar toda substância em $ \alpha $, espírito puro, feito de pura substância divina.
 

O significado profundo desta revelação
 

Esta revelação nos diz que somos consciências que despertam, que estão em trânsito para a reconstrução de $ \alpha $, a unidade espiritual pura que nos compõe. A evolução é a escalada de retorno ao plano do espírito, ao nosso interior, onde está Deus, onde somos feito de infinito e onde Ele nos aguarda para um amplexo de felicidade, para a qual somos criados.
 

Dizendo-nos que esta é a concepção bíblica do anjo decaído que encontra respaldo em todo o ensinamento do Cristo a Grande Síntese apenas anuncia conceitos que serão desenvolvidos mais tarde e não podem ser inteiramente compreendidos agora. Serão estudados numa abrangência jamais vista, nos livros Deus e Universo e O Sistema. 

Em seu conjunto compõem a mais surpreendente visão da Criação e formam o tema central de todo o desenvolvimento da obra de Ubaldi.
 

Emmanuel e a Unidade
 

Encontramos no livro Emmanuel, da autoria do espírito de mesmo nome, psicografado por Francisco Cândido Xavier e editado pela FEB, no capítulo 32, intitulado Quatro questões de filosofia, no item Espírito e matéria, a seguinte pergunta a ele dirigida:
 

“Será lícito considerar-se espírito e matéria como dois estados alotrópicos de um só elemento primordial, de maneira a obter-se a conciliação das duas escolas perpetuamente em luta, dualista e monista, chegando-se a uma concepção unitária do Universo?”
 

“Resposta – É lícito considerar-se espírito e matéria como estados diversos de uma essência imutável, chegando-se dessa forma a estabelecer a unidade substancial do Universo. Dentro, porém, desse monismo físico-psíquico, perfeitamente conciliável com a doutrina dualista, faz-se preciso considerar a matéria como o estado negativo e o espírito como o estado positivo dessa substância.”
 

“A ciência terrena, no estudo das vibrações, chegará a conceber a unidade de todas as forças físicas e psíquicas do Universo. (...) O princípio soberano da unidade absorve todas as variações possíveis, crendo nós que, sem perdermos a consciência individual no transcurso dos milênios, chegaremos a reunir-nos no grande princípio da unidade, que é a perfeição.”