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10/03/2015

6. 

MONISMO

 

Parto da periferia e vou para o interior.


Aproximemo-nos ainda mais da questão a ser desenvolvida. Eram indispensáveis essas premissas para vos conduzir até aqui. Observai meu modo de proceder ao expor meu pensamento. Avanço seguindo uma espiral que gradualmente aperta suas volutas concêntricas e, se passo de novo pela mesma ordem de ideias, toco o raio que parte do centro num ponto cada vez mais próximo dele. Guio vosso pensamento para esse centro. Nesta exposição parto da periferia e vou para o interior; da matéria, que é a realidade de vossos sentidos, para o espírito, que contém uma realidade mais verdadeira e mais elevada; vou da superfície ao âmago, da multiplicidade fenomênica ao Princípio único que a rege.

 







Por isso denominei este tratado de A Grande Síntese. Estou no outro polo do ser, no extremo oposto àquele em que estais; vós, seres racionais, sois análise; eu, intuitivo (contemplação, visão), sou síntese. Mas desço agora à vossa psicologia racional de análise, tomo-a como ponto de partida, a fim de levar-vos à síntese como ponto de chegada. Parto da forma para explicar-vos o impulso obscuro e palpitante, o motor que a anima, tenazmente aprofundando o mistério. 

Penetro, sintetizo e aperto num monismo absoluto, os imensos pormenores do mundo fenomênico, incomensuravelmente vasto, se o multiplicais pelo infinito do tempo e do espaço; canalizo a multiplicidade dos efeitos — dos quais a ciência com imenso esforço vislumbrou algumas leis — nos caminhos convergentes que conduzem ao Princípio Único. Farei desse mundo que pode parecer caótico a vossas mentes, um organismo completo e perfeito. A complexidade que vos desanima será reconduzida e reduzida a um conceito central, único e simples, a uma lei única que dirige tudo.

A isto podeis chamar de monismo. Atentai mais aos conceitos que às palavras. Por vezes a ciência acreditou ter descoberto e criado um conceito novo, só porque inventou uma palavra. E o conceito é este:  


como do politeísmo passastes ao monoteísmo, isto é, à fé num só Deus (mas sempre antropomórfico, pois realiza uma criação fora de si), agora passais ao monismo, isto é, ao conceito de um Deus que É a criação. 

Lede mais, antes de julgar. Farei que lampeje em vossas mentes um Deus ainda maior que tudo o que pudesteis conceber. Do politeísmo, ao monoteísmo e ao monismo, dilata-se vossa concepção de Divindade. Este tratado, pois, é o hino de Sua glória. Sinto já esta síntese suprema num lampejo de luz e de alegria. Quero conduzir-vos, a vós também, a essa meta, por meio de estudo do funcionamento orgânico do Universo.


Politeísmo

Este Tratado vos aparecerá assim como uma progressão de conceitos, uma ascensão contínua por aproximações graduais e sucessivas. Poderá também parecer-vos uma viagem do espírito; é verdadeiramente a grande viagem da alma que regressa ao seu Princípio; da criatura que regressa a Seu Criador. Cada novo horizonte, que a razão e a ciência vos mostraram, era apenas uma janela aberta para um horizonte ainda mais longínquo, sem jamais atingir o fim; Eu, porém, indicar-vos-ei o último termo, que está no fundo de vós mesmos, onde a alma repousa. Subiremos das ramificações dos últimos efeitos, progredindo da periferia para o centro, ao tronco da Causa Primeira que se multiplicou nesses efeitos.

A realidade, em vosso mundo, está fracionada por barreiras de espaço e de tempo; a unidade aparece como que pulverizada no particular; vemos o infinito fragmentar-se, dividir-se, corromper-se no finito, o eterno no caduco, o absoluto no relativo. Mas, percorreremos o caminho inverso a essa descida e reencontraremos aquele infinito, que jamais a razão poderia dar-vos, porque a análise humana não pode percorrer a série dos efeitos através de todo o espaço, por toda a eternidade, e não dispõe daquele infinito, pelo qual seria mister multiplicar o finito para obter a visão do Absoluto.

Monoteísmo.

A finalidade desta viagem é dar ao homem nova consciência cósmica. Uma consciência que o faça sentir-se não apenas indestrutível e eterno, membro de uma humanidade que abarca todos os seres do universo, mas também representa uma força e desempenha um papel importante no funcionamento orgânico do próprio universo. Viveis para conquistar uma consciência cada vez mais ampla. O homem, rei da vida no planeta Terra, conquistou uma consciência individual própria, que constitui prêmio e vitória. Agora está construindo outra mais vasta: 

a consciência coletiva que o organiza em unidades nacionais e se fundirá numa unidade espiritual ainda mais vasta, a humanidade. 

Eu, porém, lanço a semente de uma consciência universal, a única que vos pode dar a visão de todos os vossos deveres e direitos e poderá, perfeitamente, guiar todas as vossas ações, além de solucionar todos os vossos porquês. Partindo de vosso cognoscível científico humano, esse caminho também atingirá conclusões de ordem prática, individual e social. A exposição das leis da vida tem como objetivo ensinar-vos normas mais completas de comportamento. Sabendo olhar no abismo de vosso destino, sabereis agir cada vez com mais elevação. Eis traçada a estrada que percorreremos. E a seguiremos não apenas para saber, mas também para agir depois. Quando se fizer luz na mente, o coração se acenderá de paixão, para marchar seguindo a mente que viu. Ascensão é a ideia dominante. Deus é o centro. 

Monismo

Este Tratado é mais que uma grande síntese científica e filosófica:  

é uma revolução introduzida em vosso sistema de pesquisa, nova direção dada ao pensamento humano, para que, após este impulso, possa canalizar novo caminho de conquistas; é uma revolução que não arrasa nem nega, implantando arbítrio e desordem, mas afirma e cria, guiando-vos a uma ordem e equilíbrio cada vez mais completo e complexo, para uma lei cada vez mais forte e mais justa. 

Pois bem, para ajudar a nascer em vós esta nova consciência que está por surgir à luz, para estimular esta vossa transformação que está iminente, imposta pela evolução, da fase humana à fase super-humana, eu vos ensino novo método de pesquisa, praticado por via da intuição. Indico-vos a possibilidade de nova ciência conquistada com o sistema dos místicos, no qual os fenômenos são penetrados por meio de nova sensibilidade, abrindo as portas da alma, além das dos sentidos, da alma da qual vos terei ensinado todos os recursos insuspeitados e meios de percepção direta.

Desse modo, os fenômenos não serão mais vistos nem ouvidos, nem tocados por um Eu qualquer, mas sentidos por um ser que se transformou em delicadíssimo instrumento de percepção, porque sensitivamente evoluído, nervosamente refinado e, sobretudo, moralmente aperfeiçoado. Ciência nova, conduzida pelos caminhos do amor e da elevação espiritual, é a ciência do super-homem, que está para nascer e fundará a nova civilização
do terceiro milênio [5].

[5] - Este conceito de nova civilização, várias vezes repetido nesta obra, desenvolveu-se, mais tarde, no volume: A Nova Civilização do Terceiro Milênio. (6.8) 

http://holofractal.net/tag/consciousness/


 Comentários de Gilson Freire:

6 - Monismo
 
Viagem a síntese máxima – princípio único
 
A Grande Síntese nos leva a uma viagem insólita, uma viagem do espírito. Conduzindo-nos no estudo do funcionamento orgânico do Universo, caminha da periferia, a matéria, ao centro, onde está o espírito. Em aproximações gradativas e retornos periódicos de conceitos, vai paulatinamente amadurecendo e nos elevando à sua síntese máxima. Esta viagem do espírito é a jornada da alma que regressa ao seu princípio, da criatura que volta ao seu Criador, o centro do Universo.
Nossa realidade está pulverizada e limitada nas barreiras do tempo e do espaço, a unidade foi fragmentada, mas percorrendo o caminho inverso a esta descida nos reencontraremos com a unidade, com a visão do Absoluto, visão que somente a razão jamais poderá nos proporcionar.

Do monoteísmo ao monismo

A Grande Síntese nos conduz a um princípio único, a realidade de todas as coisas, onde existe uma lei única, que tudo dirige, que explica todos os fenômenos. Um conceito central chamado monismo.
Do politeísmo passamos ao monoteísmo, onde definimos um Deus único, porém um deus antropomórfico e fora da Criação. Passamos agora do monoteísmo ao monismo, isto é, a um conceito de um Deus que é a Criação, formando uma unidade com o ser.
 
A razão desta viagem
 
A finalidade da jornada é dar ao homem nova consciência cósmica, fazendo-o sentir-se não apenas eterno e membro de uma humanidade que abraça todo os seres do Universo, mas também potência que desempenha um papel no funcionamento orgânico da própria Criação. É também proporcionar-lhe novas normas de comportamento, pois sabendo olhar nos abismo de seu próprio destino, saberá agir cada vez de forma mais elevada.
Nesta estrada nosso coração se acenderá de nova paixão. Paixão de ascensão, a idéia que nos domina, e de amor, o sentimento que nos inflama.
 
A Ciência do novo homem
 
Como referido no capítulo 1, além de um roteiro, A Grande Síntese proporciona novo direcionamento para nossas pesquisas. Nova ciência, novo sistema místico, que consiste na penetração dos fenômenos com a alma possuída de nova sensibilidade além dos seus meros sentidos materiais. Transformando-nos em delicado instrumento de pesquisa, refinado pela aperfeiçoamento moral, nos induzirá à formação de Nova Ciência, ciência conduzida pelos caminhos do amor e da elevação espiritual, fundamentos do novo homem.