Páginas

02/04/2015


25. 
SÍNTESE LINEAR E SÍNTESE POR SUPERFÍCIE




Estudemos agora, o diagrama da fig. 4. 














Tomando uma unidade de medida de tempo menor que na fig. 3, ou seja, tornando mais lento o curso do fenômeno, e colocando cada criação numa distância maior, isto é, a 45º ou a 90º etc., poderemos exprimir não mais (como na fig. 3) apenas o aspecto do fenômeno em seu conjunto, mas também o curso cíclico de desenvolvimento e retorno de cada uma das fases, no âmbito da própria criação. 


Assim, podemos observar melhor o fenômeno em seus pormenores, em nova figura de aspecto característico. Aos segmentos ascendentes e descendentes da linha quebrada, substitui-se, com expressão mais dinâmica, o movimento do abrir-se e fechar-se da espiral.
Fig. 04 - Desenvolvimento da trajetória dos movimentos fenomênicos
na evolução do Cosmos.

A fig. 4 é construída dando-se a cada fase ($ \alpha $, $ \beta $, $ \gamma $ etc.) a amplitude de um ângulo reto. É preferível essa amplitude, em lugar de outros ângulos, porque vos exprime com evidência maior a lei do fenômeno, com superposições regulares de trajetória, como ocorre na realidade, em um conjunto mais equilibrado no retorno dos períodos. 


Observemos o diagrama em suas características. Encontramos aqui, reproduzido em sua expressão cíclica, o mesmo conceito que, nos pormenores da fig. 3 e, melhor, nos da fig. 2, tem sua expressão retilínea. Comecemos a observação do fenômeno em sua fase -y e sigamo-lo em sua ascensão através das fases -x e $ \gamma $ .



 Nesse ponto, o período fenomênico, depois de haver tocado um vértice — que nas figuras 2, 3 e 4 assinalamos com a letra a e que resultou do completo perfazimento das três fases — torna a descer, volta-se sobre si mesmo e, tornando a fechar-se, percorre em sentido contrário as últimas duas fases do período progressivo. 




O primeiro período fenomênico, que representa a criação, fica assim completo em seus dois momentos de ida e volta, evolutivo e involutivo, dados pelo percurso $ -y\quad \rightarrow \quad x\quad \rightarrow \quad \gamma $ e $ \gamma \quad \rightarrow \quad -x $, que constitui a primeira parte da fórmula $ \Delta $. 




Uma vez finalizada a fase -x, o período esgota-se e, para continuar, novamente se inverte, retomando o movimento ascensional. Mas este, agora, não parte mais de -y e sim de um degrau mais alto, -x; percorre outras três fases ascendentes que, desta vez, são: -x, $ \gamma $ ,$  \beta$; toca o vértice, para descer de $ \beta $ para $ \gamma $ , onde inicia um terceiro período de novo retificando seu caminho. 

Assim, foi percorrido o trecho $ -x\quad \rightarrow \quad \gamma \quad \rightarrow \quad \beta \quad \rightarrow \quad \gamma $; esta constitui a segunda parte da fórmula de $  \Delta $ e corresponde à criação b. O fenômeno continua a desenvolver-se, obedecendo a uma lei de progressão constante. As letras, vértices e períodos das espirais da fig. 4 correspondem aos da linha quebrada das espirais da fig. 2 e 3. Como na linha quebrada, a trajetória continua a subir e a descer; também no diagrama da fig. 4, ela continua a abrir-se e fechar-se na espiral. 

Às criações a, b, c, d, que culminam, na linha quebrada, nos vértices a, b, c, d, e correspondem no desenrolarse e envolver-se da espiral, são os máximos progressivos a, b, c, d etc.; aí se desenvolve a fórmula de $ \Delta $.
 
O diagrama da fig. 4 exprime o fenômeno não apenas em sua síntese linear, mas também em sua síntese por superfície, que se torna ainda mais evidente. As três faixas circulares -y, -x e $ \gamma $ , representam, no sentido espacial, a amplitude das três fases, cobertas pelo desenvolvimento da criação a. 

Esta produz, como resultado máximo, a fase $ \gamma $, isto é, a matéria, vosso mundo físico; o resultado final do percurso de cada período, é a cobertura de uma fase circular maior, que servirá, depois, de base a novos impulsos para ocupações de áreas maiores.


Agora, afastemo-nos dos aspectos particulares do fenômeno, a fim de vê-lo cada vez mais em seu conjunto e observá-lo em linhas cada vez mais gerais. A lei de desenvolvimento da trajetória típica dos movimentos fenomênicos está expressa por esta espiral, sujeita a um ritmo de pulsações que se invertem continuamente, abrem-se e fecham-se, desenrolam-se e enrolam-se. 

É como uma respiração íntima. É o resultado final desse contínuo voltar sobre si mesmo. É uma progressão constante. Esse é o produto último desse profundo trabalho íntimo de todo o sistema. Assim, em sua simplicidade aparente, a progressão constante da evolução é o resultado de uma elaboração complexa e profunda. 

Dessa forma, são sucessivamente cobertas as diferentes fases: a cada criação, surge o universo físico, depois o dinâmico, depois o psíquico, e assim por diante; o produto último de cada criação permanece, soma-se aos precedentes, totaliza-se numa cobertura cada vez maior de superfície, produzida pelas faixas circulares-concêntricas, todo o sistema lentamente se dilata.

Ei-nos chegados a uma síntese mais ampla do fenômeno, a síntese cíclica, expressa por uma espiral que se desenvolve em progressão constante. A expansão do sistema não é constituída apenas por seu dilatar-se em superfície, mas também pela linha ao longo da qual ocorre essa dilatação. 

Da mesma forma que, unindo os vértices a, b, c, d etc., da linha quebrada do diagrama da fig. 3, obtém-se como expressão sintética, uma espiral (em que se reencontra a linha Ox da fig. 1); assim também, unindo os correspondentes máximos sucessivos de abertura a, b, c, d, e, f, g etc., no diagrama da fig. 4, se obtém igualmente uma espiral de abertura constante. 

Podemos, assim, nesta espiral, estabelecer uma linha maior do fenômeno, na qual se desprezem os pormenores dos retornos, tendo-se em conta apenas a progressão final. Eis uma expressão mais alta da Lei. Assim traçamos a espiral, que dissemos ser a trajetória típica dos movimentos fenomênicos. 

Simplesmente afastando o olhar da fig. 4, veremos essa linha maior mais visível, com a superposição dos três percursos de que ela é formada. Porque cada fase, para ser definitivamente superada e estavelmente fixada no sistema, tem de ser percorrida três vezes em direção progressiva de evolução: a primeira como produto máximo do ciclo, a segunda como ponto médio, a terceira como produto mínimo, ou seja, ponto-de-partida ou fase inicial do processo evolutivo. 

Como se vê, o sistema é trino tanto em seu conceito, como em seu desenvolvimento. Tomando como linha única do fenômeno essa espiral maior, sua expressão mais sintética, veremos que o resultado final de seu desenrolar é o percurso da abscissa vertical que indica a evolução; que a linha -z, -y, -x, $ \gamma $ ,$ \beta $,$ \alpha $, +x, +y, +z +n é apenas a trajetória que resume todo o movimento complexo, do qual resulta o abrir-se da espiral. 

Veremos que essa trajetória — síntese ainda maior, que resume todas as precedentes, produzida pela continuação de tantos trechos contíguos que representam as sucessivas fases de evolução — é também uma espiral, expressão de um fenômeno ainda mais amplo, sem jamais atingir o fim. Assim construiremos outro diagrama, que nos fornecerá a expressão máxima possível por síntese cíclica, da fenomenologia universal. Aí então, teremos observado o universo em seu aspecto mecânico e vos terei revelado a grande Lei que o rege.