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27/03/2015


20. 

A FILOSOFIA DA CIÊNCIA

 




Essa filosofia da ciência de que vos falei, tem a função de coordenar a grande quantidade de fenômenos que observais; de reduzir a uma síntese unitária vossa ciência, a fim de não vos perderdes no particular das análises; tem a função de dar-vos a chave da grande máquina do Universo.

Vossa ciência possui vícios de base e defeitos orgânicos que venho sanar. Falta-lhe totalmente unidade e isto impediu-lhe até agora de elevar-se a sistema filosófico, dando-vos uma concepção de vida.


De um lado, as filosofias institutivas, de outro, uma ciência puramente objetiva, caminhando por estradas opostas e com metas diferentes, só podiam chegar a resultados incompletos. Mantendo separados o abstrato do real, eram insuficientes para conseguir a síntese completa que vos dou, fundindo os dois extremos: intuição e razão, revelação e ciência. 



Quando estiver completa nossa viagem pelo cosmos, tornarei a descer, num tratado mais profundo, aos pormenores de vossa existência individual e coletiva, para que ela não seja mais guiada, como até agora, pelos instintos que emergem de uma lei que desconheceis, mas possais, vós mesmos, com consciência e conhecimento — não mais menores de idade — tomar as rédeas do funcionamento complexo de vosso mundo. 

Outro defeito de vossa ciência é de constituir-se em ciência de relações, ou seja, que se limita a estabelecer, embora de forma matematicamente exata, as relações entre os fenômenos; ciência que parte do relativo e se move apenas no relativo. Minha ciência é ciência do absoluto. 

Eu não digo: “poderia ser”. Digo “é”. Não discuto: afirmo. Não indago: exponho a verdade. Não apresento problemas, nem levanto hipóteses: exprimo os resultados. Minha filosofia não se abstrai em construções ideológicas, mas permanece aderente aos fatos em que se baseia. Vós multiplicais vossa perspicácia e o poder de vossos meios de pesquisa, mas o ponto de partida é sensório. Assim, percebeis a matéria como solidez e não como velocidade. 




Torna-e-vos difícil, mas só por vias indiretas chegais a imaginar como a massa de um corpo exista em função de sua velocidade; como a transmissão de uma nova energia signifique para ele um peso maior; como a velocidade modifique as leis de atração (giroscópio); como a continuidade da matéria se deva à velocidade de deslocamento das unidades eletrônicas que a compõem, tanto que, sem essa velocidade — dado seu volume mínimo em relação ao espaço em que circulam — vosso olhar passaria através delas sem perceber nada; como sua solidez, fundamental para vossas sensações, deva-se à velocidade de rotação dos elétrons, que lhes confere quase uma contemporânea onipresença espacial; velocidade sem a qual toda a imensa grandeza do universo físico se reduziria, em um átimo, ao que verdadeiramente é: um pouco de névoa de poeira impalpável. Eis a grande realidade da matéria, que a ciência deveria mostrar-vos: a energia.

Giroscópio

Pelo método em que se baseia, vossa ciência é inapta para descobrir as íntimas ligações que unem as coisas e delas revelam a essência. Por exemplo: compreendesteis o fenômeno que demonstra a transformação, que afirmei, de $ \gamma $ em $ \beta $, e o retorno da fase matéria à fase energia, observada também na radioatividade do vosso planeta, ou seja, o fenômeno mediante o qual o sol inunda de energia, a sua própria custa, desgastando-se em peso e volume, a família de seus planetas e o espaço, até exaurir seu ser. Mas a ciência pára aqui e olha para aquele sol, que é vossa vida, como para um enigma; sol que vagará por bilhões de séculos, exaurido de luz e de vida, apagado, frio, morto. Ao invés, eu vos digo: ele obedeceu à lei universal de amor, que impõe a doação gratuita e que, em todos os níveis, torna irmãos todos os seres do universo. 




Assim, por exemplo, tentais a desintegração atômica, procurando demolir o edifício atômico inviolado; tentais penetrar, entrando na zona eletrônica de alto potencial dinâmico, até o núcleo, bombardeando o sistema com emanações-projéteis de alta velocidade. Mas não vedes que a essência do fenômeno da transmutação dos átomos reside na lei da unidade e da matéria. Assim, também notasteis que a matéria sideral nasce e morre, aparece e desaparece, volatiliza-se de um lado em radiações, e em outra parte reaparece como matéria; mas não colocasteis lado a lado os dois fenômenos e não observasteis o traço que os une e a linha comum cíclica do seu desenvolvimento. 

Eu vos revelo os vínculos que unem os fenômenos aparentemente mais díspares. Meu sistema não despreza a ciência, como acontece com vossa intuição filosófica; toma-a como base, completa-a, ergue-a ao grau de concepção sintética, dá-lhe dignidade de filosofia e de religião, porque, no infinito pormenor da fenomenologia reencontra o princípio unitário que, dando-vos a razão das coisas e respondendo aos últimos porquês, é capaz de guiar-vos pela estrada de vossas vidas e de proporcionar vos um objetivo para vossas ações.