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12/03/2015


8. 

A LEI





 




A Lei. Eis a ideia central do Universo, o sopro divino que o anima, governa e movimenta, tal como vossa alma, pequena centelha dessa grande luz, governa vosso corpo. 









O universo de matéria estelar que vedes, é como a casca, a manifestação externa, o corpo daquele princípio que reside no âmago, no centro.

Vossa ciência, que observa e experimenta, permanece na superfície e procura encontrar esse princípio através de suas manifestações. As poucas verdades particulares que aprendeu, são apenas farrapos mal remendados da grande Lei. A ciência observa, supõe um princípio secundário, deduz uma hipótese, trabalha sobre ela, esperando uma confirmação da experiência, e daí conclui uma teoria. 

Mas vislumbrou somente pequena ramificação derradeira do conceito central, porque este defenderá com o mistério até que o homem seja menos malvado, menos propenso a fazer mau uso do saber e mais digno de olhar na face as coisas santas. Falo-vos de coisas eternas e não vos choque esta linguagem, para vós anticientífica; ela se mantém fora da psicologia que vosso atual momento histórico vos proporciona. 

Minha ciência não é como a vossa, ciência agnóstica, impotente para concluir; nem é ciência de um dia. Lembrai-vos de que a verdadeira ciência toca e mergulha nos braços do mistério: 

sagrado, santo e divino. 

A verdadeira ciência é religião e prece, só pode ser verdadeira se também for fé de apóstolo e heroísmo de mártir. 

A Lei é Deus. Ele é a grande alma que está no centro do universo. Não centro espacial, mas centro de irradiação e de atração. Desse centro, Ele irradia e atrai, pois Ele é tudo:  


o princípio e suas manifestações. 

 Eis como Ele pode — coisa inconcebível para vós — ser realmente onipresente. É necessário esclarecer este conceito. Chegou o momento de retomar a idéia de que partimos, dos três aspectos do universo, para aprofundá-la.

A esses três aspectos correspondem três modos de ser do universo.

A estrutura ou forma, o movimento ou vir-a-ser, o princípio ou lei, podem também denominar-se:

Matéria, Energia e Espírito.

ou também, movendo-se no sentido inverso:

Pensamento, Vontade e Ação.

Do primeiro modo de ser, que é:

Espírito, Pensamento e Princípio ou Lei deriva o segundo, que é:

Energia, Vontade e Movimento ou vir-a-ser e do segundo, o terceiro que é:

Matéria, Ação e Estrutura ou forma.

Esses três modos de ser estão coligados por relações de derivação recíproca. Para tornar mais simples a exposição, reduziremos esses conceitos a símbolos. 

A ideia pura, o primeiro modo de ser do universo, a que chamaremos espírito, pensamento, Lei, que representaremos com a letra grega $ \alpha $ (alfa); condensa-se e se materializa, revestindo-se com a forma de vontade, concentrando-se em energia, exteriorizando-se no movimento, segundo modo de ser que representaremos com a letra grega $ \beta  $ (beta); num terceiro tempo, passamos (em virtude de mais profunda materialização ou condensação, ou exteriorização), ao modo de ser que denominamos matéria, ação, forma, isto é, o mundo de vossa realidade exterior, representaremos com a letra grega $ \gamma  $ (gama).

O universo resulta constituído por uma grande onda que, de alfa, o espírito, (puro pensamento, a Lei que é Deus) caminha para um devenir contínuo, movimento feito de energia e vontade, beta, para atingir seu último termo, gama, a matéria, a forma. Dando ao sinal
 o sentido de “vai para”, poderemos dizer: 


O espírito, alfa, é o princípio, o ponto de partida dessa onda; gama, a matéria, é o ponto de chegada. Mas compreendereis, qualquer movimento, se ampliado constantemente numa só direção, deslocaria todo o universo (em sentido lato, não apenas espacial), com acúmulos de um lado e vazios, de outro, proporcionais e definitivos. Então é necessário, para manter o equilíbrio, que a grande onda de ida seja compensada por outra onda equivalente de volta. Isso é também lógico e se realiza em virtude de uma lei de complementaridade, pela qual cada unidade é metade de outra unidade mais completa. 

O movimento que existe no universo não é jamais um deslocamento unilateral, efetivo e definitivo, mas é a metade de um ciclo que retorna ao ponto de partida, após haver cumprido determinado devenir, uma vibração de ida e volta, completa em sua contraparte inversa e complementar. 

A esse movimento descêntrico que vimos, a expansão e a exteriorização,
segue-se então um movimento concêntrico inverso: 


Há , pois, o movimento inverso, pelo qual a matéria se desmaterializa, desagrega-se e expande-se em forma de energia, vontade, movimento; é um tornar-se, que por meio das experiências de infinitas vidas, reconstrói a consciência ou espírito. Aqui, o ponto de partida é gama, a matéria, e o ponto de chegada é alfa, o espírito. Assim, a espiral, que antes era aberta, agora se fecha; a pulsação de regresso completa o ciclo iniciado pelo de ida.

Este é o conceito central do funcionamento orgânico do universo. A primeira onda refere-se à criação, à origem da matéria, à condensação das nebulosas, à formação dos sistemas planetários, do vosso sol, do vosso planeta, até à condensação máxima. 

A segunda onda, de regresso, é a que vos interessa e viveis agora, refere-se à evolução da matéria até às formas orgânicas, à origem da vida; com a vida, tem-se a conquista de uma consciência cada vez mais ampla, até a visão do Absoluto. É a fase de regresso da matéria que, por meio da ação, da luta, da dor, reencontra o espírito e volta à ideia pura, despojando-se, pouco a pouco, de todas as cascas da forma.

Estas simples indicações já esboçam a solução de muitos problemas científicos, como o da constituição da matéria, ou como o da possibilidade de, por desagregação, extrair dela, como de imenso reservatório, a energia, que não seria senão a passagem de 



A energia atômica que procurais, existe, e a encontrareis [6]. 

Estes apontamentos projetam a solução de muitos complexos problemas morais. Diante da grande caminhada que seguis está escrita a palavra evolução e a ciência não pôde deixar de vê-la, mas apenas a vislumbrou nas formas orgânicas e não em toda sua imensa vastidão. Vosso ciclo poderia definir-se como um fisio-dínamo-psiquismo. 

A fórmula é 



[6] - Estas páginas foram escritas em 1932. (8.11)

A energia é a capacidade que um corpo material possui de realizar trabalho, que é o produto da força pelo deslocamento. É uma propriedade da matéria, assim como a massa inercial. Mas destaco esse trecho dado acima:

" exteriorizando-se no movimento"

O pensamento se concentra como energia e se exterioriza no movimento. A energia enquanto propriedade da matéria tem em si o pensamento interiorizado. A matéria se estrutura em matriz vetorial de forças de equilíbrio desse movimento. Nesse sentido o pensamento universal ou Lei seria informação estruturadora da matéria a partir da energia em vários níveis de quantização [ Nota do Editor do Blog, NEB ].



Energia é proporcional à massa inercial em repouso. 
É uma propriedade da matéria.

Comentários de Gilson Freire:

A ideia central do Universo
 

Lei – ideia central do Universo - o sopro divino, que o governa e anima. É a alma do Universo, onde a matéria cósmica é apenas o seu corpo, o seu exterior. É o centro de irradiação e atração da Criação, sempre onipresente. A lei é Deus.
 

Nossa natural ânsia pelo conhecimento da Lei
 

Devido à nossa origem divina, temos uma natural ânsia por conhecer essa Lei, de compreendê-la, pois ela diz respeito à nossa própria natureza. Por isto o afã da ciência em estudá-la e determinar as suas expressões, sempre exatas, matemáticas e imutáveis. 
Somente com evolução moral se pode compreender a Lei
 

Da Lei maior, somente conseguimos observar partes fragmentárias, pequenas porções de sua expressão. À medida que o homem evoluir moralmente é que conseguirá penetrar em sua essência mais profunda. Sua maldade é obstáculo intransponível à revelação da Lei. Por isso a verdadeira ciência é sagrada, é uma prece e também um ato de fé, sempre proporcional ao adiantamento moral daquele que a pesquisa.
 

A inter-relação dos três elementos do Universo
 

Como vimos acima, no Universo temos a matéria que é estrutura, forma e efeito, a energia que é movimento, vontade e transformismo e o espírito, que é lei, princípio, ideia e ordem. Estes três modos de ser do Universo se interligam por relações de reciprocidade. A ideia pura, o espírito ($ \alpha $), se condensa revestindo-se da forma energia ($ \beta $), vontade, movimento, que finalmente se coagula em matéria ($ \gamma $), a estrutura, a realidade exterior. Este conceito origina a expressão: 

$ \alpha \rightarrow \beta \rightarrow \gamma $
 

Uma só substância que se deriva em três
 

A Criação é assim uma grande onda que, partindo de espírito, pensamento puro, caminha para um movimento dinâmico, a energia, para atingir seu termo na matéria. Portanto temos uma só substância que se transforma nos três elementos do Universo. Assim $ \alpha $ vai para $ \beta $, que vai para  $ \gamma $ ($ \alpha \rightarrow \beta \rightarrow \gamma $).
 

O ciclo da substância
 

Mas, como todo fenômeno, este necessita ter o seu movimento oposto e complementar, a fim de se equilibrar. Assim, pela lei dos ciclos, lei de complementaridade, uma trajetória oposta a completa, onde $ \gamma $ passa a $ \beta $ e esta retorna a $ \alpha $, fechando-se o ciclo da substância. Dois movimentos que se complementam, sendo o primeiro de descentralização ($ \alpha \rightarrow \beta \rightarrow \gamma $) e o segundo de centralização ($ \gamma \rightarrow \beta \rightarrow \alpha $). No primeiro a substância se distancia do centro da Criação e no segundo retorna. Eis o respiro do Universo. O espírito, $ \alpha $, é o princípio e o fim. Os dois ciclos se completam e se fecham em só movimento.
 

Uma onda de Criação e outra de regresso
 

A primeira onda cria a matéria, o universo físico, as nebulosas, os astros, até a máxima condensação da matéria no microcosmo. A segunda é a onda de regresso, a que vivemos agora, que dá origem à vida e que restitui da substância a consciência, o espírito, que se destitui de toda vestimenta, reencontrando a perfeição, a ideia pura, o Absoluto.
 

Involução e evolução
 

O primeiro movimento é de involução, de afastamento da substância, o segundo é o movimento de evolução, de retorno.
 

A grande onda - conceito central
 

A Criação é uma grande onda, este é o conceito central do funcionamento orgânico do Universo, o grande princípio geral da Criação que soluciona muitos de nossos mistérios, como a possibilidade de se extrair a energia da intimidade da matéria (energia atômica). Soluciona também problemas de ordem moral, como a evolução do mal e da ignorância para o bem.


Stephen Hawking - Teoria Unificada