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30/04/2015



48. 

SÉRIE EVOLUTIVA DAS ESPÉCIES DINÂMICAS






Os elétrons lançados fora do sistema planetário atômico, que se desfazem pela abertura da espiral e pela ruptura do equilíbrio atrativo-repulsivo do sistema — vórtices, também esses, de velocidade — conservam na nova trajetória ondulatória a lembrança do movimento original circular. 







A dimensão espaço multiplica-se pela nova dimensão tempo e temos as novas unidades de medida da energia: comprimento de onda e velocidade de vibração. De acordo com essas unidades, podemos estabelecer a série evolutiva das espécies dinâmicas.
 
Vimos a gênese da gravitação, protoforça típica do universo dinâmico, e algumas de suas características. Esta emanação dinâmica da matéria, nós a vemos acentuar-se em razão direta de sua evolução (progressão constante no aumento dos pesos atômicos, no desenvolvimento da série estequiogenética) onde, no grupo dos corpos radioativos, nasce a segunda forma de energia: 

os raios X. 

A sucessão genética entre as duas formas é evidente. Assim, superado aquele traço de união que une matéria e energia, entramos nas formas dinâmicas puras. Escalonando as formas dinâmicas de acordo com sua velocidade vibratória, a gravitação atinge os máximos do sistema. Vimos já que máxima é também sua velocidade de propagação, o que nos fez acreditar numa gravitação absoluta e instantânea, ao passo que ela é, como dissemos, relativa à massa dos corpos e transmitida por ondas (tempo).
 
A máxima frequência vibratória que podeis apreciar, ao invés, é dada pelos raios X, que são a primeira forma dinâmica que conseguis observar isolada. Verificaremos, numa sucessão das formas dinâmicas, um constante decréscimo de frequência de vibração, à proporção que nos afastamos das origens, ou seja, subindo da gravitação à luz, eletricidade etc. 

É lógico que as primeiras emanações dinâmicas, como gravitação e raios X, sejam as mais cinéticas, porque mais próximas da fonte de seu movimento, o vórtice atômico. Com a evolução (por causa daquela lei de degradação que estudamos), a vibração tende ao repouso e a onda cada vez mais a alongar-se; isto significa a transformação do movimento de rotação original no de translação, final do período b. 

Mas, como vos disse, não se trata de desgaste nem de fim, mas é uma íntima maturação evolutiva, que prelude às formas de a: a vida e a consciência. Se as primeiras forças dinâmicas são mais rápidas e mais poderosas, as últimas são as mais sutis e as mais evoluídas.
 
Se observardes a frequência progressiva (por segundo) das vibrações de um corpo no espaço, verificareis o aparecimento das várias formas de energia. O fenômeno não é novo para vós, mas apenas a sua constatação. Partindo, para facilitar a observação, do estado de repouso (para nós, ao contrário, é o ponto de chegada), vede que no nível de 32 vibrações por segundo manifesta-se a forma que denominais som. 

O próprio ouvido consegue, nas notas mais baixas, perceber o ritmo vibratório lento e profundo. A frequência progressiva desenvolve-se, sucessivamente, por oitavas, princípio que já encontramos na série estequiogenética, reencontramos na luz e depois nos sistemas cristalinos e na zoologia. 

Perto das 10.000 vibrações por segundo, os sons, tornados agudíssimos, perdem qualquer caráter musical. Além das 32.000 vibrações, vosso poder de percepção auditiva cessa e elas não vos dão mais nenhuma sensação. Dessa frequência até o bilhão de vibrações nada existe para os vossos sentidos. Por volta do bilhão, tendes a zona das ondas elétricas (hertzianas). 

Somente neste nível entramos no campo das verdadeiras formas dinâmicas, cuja onda propaga-se pelo éter. As ondas acústicas são apenas a última degradação, em que a energia se extingue na atmosfera densa. À zona das ondas elétricas sucede, dos 34 bilhões até os 35 trilhões, outra zona também desconhecida a vossos sentidos e instrumentos. 

Segue-se depois a região que vai dos 400 aos 750 trilhões de vibrações por segundo, em que está a luz, do vermelho ao violeta, em todas as cores do espectro solar e, mais exatamente: Vermelho (raio menos refratário), média de 450 trilhões de vibrações por segundo; Laranja, 500; Amarelo, 540; Verde, 580; Azul, 620; Anil, 660; Violeta (o mais refratário), 700. 

Eis as sete notas desta nova oitava ótica e quando vossos olhos percebem vossa harmonia de cores, não podem ultrapassar uma oitava de vibrações. Além destas, há outras “notas”, invisíveis a vós: os raios infravermelhos, “notas” graves demais para vossa retina; as radiações ultravioletas, “notas” agudas demais, regiões dinâmicas limítrofes ao espectro visível. 

As primeiras são sensíveis apenas como radiações caloríficas (escuras), as segundas, por sua ação química e actínica (fotografáveis, mas escuras para os olhos). Apenas num breve trecho inexplorado, aquém das notas mais baixas do infravermelho, estão as notas mais agudas das radiações eletromagnéticas hertzianas. 

Se continuardes do lado oposto, além do ultravioleta, o exame do espectro químico (muitas vezes mais extenso que o espectro visível), atravessareis uma região desconhecida a vossos sentidos, e atingireis, aos 228 quatrilhões, uma zona que alcança os dois quintilhões de vibrações por segundo. 

Esta é a região da radioatividade, com os raios ($ \alpha $, $ \beta $, $ \gamma $ ) produzidos pela desintegração atômica radioativa (elétrons, lançados em alta velocidade), eles são análogos aos produzidos por descargas elétricas no vácuo dos tubos de Crookes (raios X, ou de Röntgen). Se continuardes, ainda, encontrareis as emanações dinâmicas de ordem gravífica. 

(Elétrons lançados em alta velocidade só é válido para o decaimento $ \beta $ . O decaimento $ \alpha $ trata-se de nucleons de pares de prótons e neutrons ou núcleos do elemento hélio sem a camada eletrônica. Já o decaimento $ \gamma $ é radiação eletromagnética de comprimento de onda Compton que em certas situações decai em um par pósitron-elétron.)

Aqui, a série evolutiva das espécies dinâmicas liga-se à das espécies químicas, da qual é a continuação. Compreendamos, agora, o significado desses fatos. A série apresenta evidentes lacunas para vossa observação. Mas eu vos indiquei o andamento geral do fenômeno e o princípio que o rege; podeis, pois, seguindo sua lei, defini-la a priori em suas fases ignoradas, por analogia com as fases conhecidas, como vos disse a respeito dos elementos químicos ignorados da série estequiogenética.
 
A ligação entre esta e a série dinâmica está justamente na fase das ondas gravíficas, já o vimos. Também observamos a região contígua das emanações radioativas. A escala evolutiva das formas dinâmicas sobe efetivamente destas fases de máxima frequência, para as de menor frequência, em ordem inversa à que seguimos acima, para simplificar a exposição. 

Em outras palavras, a evolução dinâmica implica num processo de degradação de energia, até que esta se extinga (apenas como manifestação dinâmica) em vibrações cada vez mais lentas, num meio cada vez mais denso (não mais o éter, mas atmosfera, líquidos e sólidos). O que tem contato com as formas de g são os tipos dinâmicos mais cinéticos e isso, é lógico, pela natureza e transformação do movimento. 

À proporção que se afastam de $ \gamma $, tendem a um estado de inércia e também, isso é lógico, por causa do exaurir-se (resistência do ambiente e processo de difusão) do impulso original (degradação). Dessa maneira, a ordem evolutiva das formas dinâmicas é a seguinte (tendo em conta somente as regiões que conheceis):
 
1º Gravitação.
 
2º Radioatividade.
 
3º Radiações químicas (espectro invisível do ultravioleta).
 
4º Luz (espectro visível).
 
5º Calor (radiações caloríficas escuras. Espectro invisível do infravermelho).
 
6º Eletricidade (ondas hertzianas, curtas, médias e longas).
 
7º Vibrações dinâmicas (ondas eletromagnéticas, ultra-sons, sons).

Sete grandes fases também aqui, correspondentes às sete séries de isovalências periódicas que, na escala estequiogenética, desde S1 até S7, representam os períodos de formação e evolução da matéria. As zonas de frequências intermediárias (desconhecidas, como as que tendes também nas série estequiogenética) são as fases de transição entre um tipo e outro desses pontos culminantes. 

Ao subir, decrescem as qualidades cinéticas, o potencial sensível das formas; mas o que se perde em quantidade de energia, adquire-se em qualidade; isto é, perdem-se cada vez mais as características da matéria, ponto de partida, e cada vez mais se adquirem as da vida, ponto de chegada. Assim, a Substância percorre o caminho da fase b, e da matéria chega à vida.
 
Observemos, agora, o conjunto do fenômeno, mais de perto, em sua íntima estrutura cinética. Podem individuar-se essas formas, não só pela frequência vibratória, mas também por comprimento de onda. Veremos as relações entre esses dois fatos. Comprimento de onda é o espaço percorrido pela onda na duração de um período vibratório.
 
Individuadas pelo comprimento de onda, as formas dinâmicas apresentam-se com características próprias. Enquanto, ao subir ao longo da série das espécies dinâmicas, o número de vibrações diminui, a amplitude da onda aumenta. Assim, por exemplo, enquanto no espectro, do violeta ao vermelho a frequência decresce dos 700 aos 450 trilhões de vibrações por segundo (decresce também, o poder de refração), o comprimento de onda aumenta respectivamente de 0,4m (zona violeta) até 0,76m (vermelho). 

Esses são os limites dos comprimentos de onda das radiações visíveis (a letra grega m significa micron, isto é, um milésimo de milímetro). E continua a aumentar na direção do infravermelho e das ondas elétricas e a diminuir na direção do ultravioleta e raios X.
Se chegais aos 0,2m (ultravioleta) e ultrapassais o extremo ultravioleta, encontrareis os raios X. Ora, os raios X, de maior comprimento de onda, são apenas raios ultravioletas e vice-versa. 

Estamos nos 0,0012m. Continuando na outra extremidade da série X, encontrais os raios g, que são os mais duros e mais penetrantes, gerados pela desintegração dos corpos radioativos. Alcançais, assim, o comprimento de onda de 0,0005m.
 
Na direção oposta a onda aumenta. Além dos raios vermelhos, a zona de radiações invisíveis do infravermelho vai de um comprimento de 0,76m a 60m e além. Depois de uma zona inexplorada, aparecem radiações de comprimento ainda maior, as ondas hertzianas, que vão de poucos milímetros (milhares de m) a centenas e milhares de metros, como usais nas transmissões radiofônicas.
 
Essa relação inversa, ou seja, tanto a decrescente rapidez vibratória como a progressiva extensão do comprimento de onda, correspondem ao mesmo princípio de degradação de energia. Nessa degradação que não exprime perda nem fim, mas apenas transformação que readquire em qualidade o que perde em quantidade, está a substância da evolução.
 
Permanecendo no campo das vibrações puras, ou seja, as do éter, excluindo da série as últimas fases (vibrações dinâmicas) de degradação em meios mais densos, no ápice da escala encontramos a eletricidade como forma mais evoluída, de frequência vibratória mínima e comprimento de onda máximo. A frequência de vibrações tornou-se mais lenta, a onda estendeu-se. 

A potência cinética aqui se amorteceu numa zona mais tranquila. Chegadas a esse ponto, as formas dinâmicas criaram o substrato de novo impulso poderoso, de novo modo de ser. A evolução, ao atingir o mais alto vértice da fase dinâmica, caminha para novas criações. Passa, desta sua última especialização, mediante a reorganização das formas individuadas, em unidades múltiplas coletivas, a uma espécie de classe mais elevada. 

Sem esta retomada evolutiva, o universo dinâmico tenderia, por degradação, ao nivelamento, à inércia, à morte11. Esse seria seu fim se, no momento da mais avançada degradação da energia, nos primeiros sinais de velhice das formas dinâmicas, o íntimo e intenso trabalho realizado (que na substância não é degradação, mas maturação evolutiva) não fosse utilizado e as espécies dinâmicas, finalmente maduras e prontas, não se organizassem em individuações mais complexas.
 
Como no último degrau da série estequiogenética os corpos radioativos se transformam em energia, assim no último degrau da série dinâmica a eletricidade transforma-se em vida. Tal como a energia significou, diante da matéria, o princípio novo do movimento por onda e a nova dimensão tempo, assim a vida, diante da energia, significará o princípio novo da unidade orgânica, da coordenação de forças: o princípio da transmissão dinâmica elevado a entrelaçamento inteligente de contínuas trocas e o aparecimento da nova dimensão consciência.



29/04/2015



47. 

A DEGRADAÇÃO DA ENERGIA







Antes de passar ao estudo da série das individuações de $ \beta $, a fim de traçar uma árvore genealógica das espécies dinâmicas, semelhante e continuadora da série estequiogenética, observemos um fenômeno constante nesse campo, característico das formas de energia e correspondente ao já observado da desagregação da matéria ou desintegração atômica: um fenômeno que é sua continuação e no entanto, mesmo conhecendo-o, não lhe compreendesteis o íntimo significado, ou seja, a degradação da energia.










Aproximo esses dois fenômenos por causa de sua característica comum, de exprimir precisamente o desaparecimento, diante de vossa percepção sensória, das duas formas g e $ \beta $. Mas, na realidade, tanto a desintegração atômica quanto a degradação dinâmica significam-se “desaparecimento” para vossos sentidos, não constituem nem desaparecimento nem fim, mas apenas mudanças de forma dentro do transformismo evolutivo. 

Tal como na desintegração da matéria, nada de fato desaparece, porque a matéria renasce como energia. Assim, na desintegração dinâmica a anulação é relativa apenas aos vossos meios de percepção, e diz respeito àquilo que para vós constituem as possibilidades utilitárias da energia.

Mas, observemos o fenômeno. Está provado, mesmo pela observação, que todas as transformações da energia ocorrem segundo uma lei constante de degradação pela qual a energia, mesmo conservando-se integral (princípio de conservação da energia) em sua quantidade, tende a difundir-se, dispersando-se no espaço, nivelando num estado de equilíbrio as suas diferenças, quando passa do heterogêneo ao homogêneo. 

Deteriora-se, assim, no sentido de que a soma dos efeitos úteis e a capacidade de trabalho está sempre diminuindo (princípio da degradação da energia). Esses dois princípios opostos, de conservação e de degradação (perda de energia útil) provam o perene transformismo como a indestrutibilidade da Substância, mesmo em sua forma $ \beta $.

Essas duas leis demonstram que o fenômeno do transformismo da Substância indestrutível tem uma direção exata e que essa direção é irreversível. Em outras palavras, é possível a transformação da energia, mas sempre passando para um tipo de qualidade inferior, do ponto de vista de seu rendimento prático para o homem. 

Assim, a energia acumulada tende sempre a dispersar-se e jamais ocorre o contrário. Todo sistema tende integralmente para um estado de difusão, de equilíbrio, de repouso, de igualdade, como consequência de uma série de transformações, que constantemente operam nessa direção e nunca na direção oposta. Tudo parece condenado a apagar-se, a anular-se, a desaparecer. Que significa esse irreversível fenômeno de degradação?

Primeiro: 

o universo, em vossa fase, tende a um estado de ordem e de ritmo, do caos ao equilíbrio, a um estado substancialmente mais evoluído e perfeito. Em outros termos, a irreversibilidade demonstra a evolução.

Segundo: 

se atualmente em vosso universo toda transformação de energia leva à sua degradação e é inevitável uma perda (que a irreversibilidade impede de reparar), é necessário, todavia, que nas grandes linhas de um equilíbrio mais vasto, esse movimento encontre sua compensação. 

A irreversibilidade demonstra que viveis na fase da expansão dinâmica, em que b parece desgastar-se e dispersar-se. Mas, a lógica vos indica que a Lei contém o período complementar de compensação, fase inversa, em que a irreversibilidade se desenvolve em sentido contrário; não mais o vosso atual $ \gamma \quad \rightarrow \quad \beta  $, mas $ \beta \quad \rightarrow \quad \gamma $ , o período precedente de involução e concentração dinâmica que já vimos. 

A marcha do universo no sentido oposto já aconteceu. Vosso período é evolutivo, ascensional; degradação dinâmica significa, debaixo da aparência de dispersão, uma transformação substancial para as formas mais altas ($ \alpha $). Como na desintegração atômica a matéria dissocia-se para constituir as mais altas formas, expressas por $ \beta $, assim a energia, se parece perder-se em sua degradação, na realidade amadurece, para transformar-se nas mais altas formas que a evolução atingirá na fase a. 





Então, irreversibilidade e degradação confirmam tudo o que expusemos no estudo da gênese das criações sucessivas; tudo o que nos indica, já no citado diagrama da fig. 2, a linha quebrada que sobe; ou na fig. 4, a espiral que se abre com contínuos retornos inversos ao caminho percorrido.

De tudo isso, podeis compreender como a característica da irreversibilidade seja, para a energia, relativa e fechada no âmbito da fase $ \gamma \quad \rightarrow \quad \beta  $; como, no todo, uma irreversibilidade absoluta seja uma fonte absurda de desequilíbrio que está totalmente fora do conceito da Lei. 

Cada movimento presume seu movimento contrário e equivalente; o movimento ondulatório, que nasce pela expansão do movimento espiralóide, presume, na fase inversa precedente, a concentração do movimento ondulatório numa espiral, que restringe cada vez mais suas volutas, até à formação daquele núcleo que constitui o éter, que é o germe de toda a expansão estequiogenética de g e depois, da expansão dinâmica de $ \beta $.

24/04/2015


46. 

ESTUDO DA FASE $ \beta $

ENERGIA



Modelos hexadimensionais espaços Calabi-Yau.




Ao observar o devenir das formas dinâmicas, vamos delinear, agora, também, as características das individuações típicas e no devenir encontraremos o conceito e a Lei que as governa. Os três aspectos: 

estático, dinâmico e conceptual da fase b poderão, dessa forma, fundir-se numa única exposição e isso tornará nosso passo mais ágil e veloz.










A transformação da matéria em energia não é mais, para vós, apenas uma hipótese. Sabeis calcular a quantidade de energia atômica armazenada na matéria. A massa de um grama, considerada no zero absoluto, contém 22 bilhões de calorias. Sabeis que o sol está em estado de completa desagregação atômica, pela radioatividade, o que significa saída de elétrons (energia, transformação de $ \gamma $ em $ \beta $); estes são lançados à 

( o Sol é animado por fusão nuclear de seu combustível primário que é o hidrogênio e não fissão nuclear! )

Terra, junto com todas as demais formas de energia. Esses centros dinâmicos lançados pelo sol ricocheteiam, penetram ou se combinam na atmosfera elétrica que circunda o vosso planeta, produzindo vários fenômenos, cujas causas não saberíeis explicar de outra maneira, como por exemplo, o da luz difusa no céu noturno. 

O feixe de radiações dinâmicas que o sol vos envia é o mais volumoso, complexo e rico. O fato de que os raios solares, caindo numa superfície negra de um metro quadrado, exercem sobre este uma pressão de quatro décimos de miligrama, mostra-vos, além de sua constituição eletrônica, que a radiação-luz se conjuga também com impulsos ativos-reativos de ordem gravítica. 

Verificais, nos fenômenos de radioatividade, que a dissociação espontânea da matéria implica num enorme desenvolvimento de calor, devido, justamente, à emissão (a partir do sistema planetário atômico) das partículas periféricas. E calculasteis: 

m v2/2 (em que m = massa, e v = velocidade), a energia cinética de cada partícula; 1,78 x 109 cm/s, a velocidade média de uma partícula.

( o autor parece ignorar o conceito de energia relativística!)

Para bem compreender a transmutação da matéria nas formas dinâmicas, é mister conhecer bem sua natureza cinética. Isto não é fato novo para vós, porque o vórtice eletrônico vos diz exatamente a mesma coisa. Sabeis que cada espécie de átomo caracteriza-se por um espectro de emissão produzido por um comprimento de onda determinado com exatidão. 

Essa emissão espectroscópica acompanha constantemente o átomo de cada elemento, como seu equivalente dinâmico, provando sua regular e constante estrutura cinética. Somente esta pode explicar-vos os movimentos brownianos, que tão bem conheceis. Vimos que a matéria é um dinamismo incessante e que sua rigidez é toda aparente, devida à extrema velocidade que a anima totalmente; sabeis que a massa de um corpo aumenta com sua velocidade no espaço. 

Um jato de água velocíssimo oferece à penetração de um corpo a resistência de um sólido. Quando a massa de um gás, como o ar, multiplica-se pela velocidade, ela adquire as propriedades da massa de um sólido. A pista sólida que sustenta o avião, sólido suspenso num gás, é sua velocidade em relação ao ar e este, sozinho, se lançado como ciclone, derruba casas. Trata-se de relação. 

Com efeito, quanto mais veloz é o avião, menor podem ser as suas asas. Sabeis que esquentar um corpo significa transmitir-lhe nova energia, isto é, imprimir-lhe nova velocidade íntima. A análise espectral vos fornece a luz equivalente dos corpos, tão exatamente, que se torna possível, por meio dessa emanação dinâmica, a individuação à distância na astroquímica. 

É inútil correrdes atrás de vossos sentidos e da ilusão tátil da solidez, tão fundamental para vós, porque é a primeira sensação fundamental da vida terrestre. A solidez é apenas a soma de movimentos velocíssimos. Que vos não iluda a constância das sensações, pois é devida apenas à constância dos processos íntimos fenomênicos no âmbito da Lei eterna. Vossos sentidos não sabem perceber sensações diferentes que se sucedam com extrema rapidez.

A matéria é pura energia. Em sua íntima estrutura atômica, ela é um edifício de forças. Matéria, no sentido de um corpo sólido, compacto, impenetrável, não existe. Trata-se apenas de resistências, de reações; o que chamais de solidez, é somente a sensação que constantemente vos dá aquela força, que se opõe ao impulso e ao tato. 

É a velocidade que enche as imensas extensões dos espaços vazios, em que se agitam as mínimas unidades. É a velocidade que forma a massa, a estabilidade, a coesão da matéria. Observai como movimentos rotatórios rapidíssimos conferem ao giroscópio, durante o movimento, um equilíbrio autônomo estável. 

Velocidade é esta força que se opõe ao destacar-se das partículas da matéria e as mantém unidas, até que outra contrária não a supere. Mesmo quando decompondes a matéria naqueles que vos parecem os últimos elementos, não mais vos encontrais diante de uma partícula sólida, compacta, indivisível. O átomo é um vórtice, vórtice é o elétron e o núcleo; vórtices são os planetas e satélites contidos no sistema solar, assim até o infinito. 

Quando imaginais a mínima partícula animada de velocidade, ela não é nunca um corpo, no sentido comum que imaginais, mas é sempre um vórtice imaterial de velocidade. A decomposição dos vórtices, em que giram unidades vorticosas menores, estende-se até o infinito. De modo que, na substância não existe matéria, no sentido que lhe dais, mas só existe movimento. A diferença entre matéria e energia é dada apenas pela direção diferente desse movimento:

rotatório, fechado em si mesmo, na matéria; ondulatório, com ciclo aberto e lançado ao espaço, para energia.

No princípio havia o movimento e o movimento concentrou-se na matéria; da matéria nasceu a energia e da energia emergirá o espírito. O movimento concêntrico do sistema planetário atômico contém em germe a gênese e o desenvolvimento das formas de $ \beta $

Tanto quanto a química orgânica diferencia-se da inorgânica por suas fórmulas abertas comunicantes em equilíbrio instável (efeito e não causa da vida), assim se passa da forma matéria à forma energia, pela expansão do sistema cinético fechado de $ \gamma $ para o sistema cinético aberto de $ \beta $. Isto porque a substância da evolução é a extrinsecação de um movimento que se concentra por involução e se expande por evolução, atingindo, através das duas fases dessa sua respiração, uma extrinsecação cada vez maior.

Há dois fatos, portanto, a se ligar: o movimento circular íntimo do sistema atômico de $ \gamma $ (matéria) e o movimento ondulatório próprio de $ \beta $ (energia). Para compreender o ponto de passagem de $ \gamma $ a $ \beta $ é indispensável reduzir as duas fases ao seu denominador comum ou unidade de medida: o movimento, cuja forma individua, diferentemente, a substância em seus vários estágios. 

Esses são, vistos em sua essência, os dois termos que têm de ser conjugados. De um lado o sistema atômico. Vimos que é composto de um ou mais elétrons que giram em torno de um núcleo central; o que dá a individuação atômica é o número dos elétrons que giram em torno do núcleo (num espaço imenso, em relação a seu volume). 

O sistema atômico é de natureza esférica. Se a rotação fosse num plano, não teríamos o volume. De outro lado temos a característica fundamental própria de todas as formas de energia: 

a de transmitir-se por ondas esféricas. 

Já notamos na gênese da gravitação, o princípio da transmissão esférica da onda, demonstrado pelo decréscimo da ação, em razão do quadrado da distância. Esta lei é apenas uma consequência das propriedades geométricas dos corpos esféricos, e é produzida pelo fato das superfícies de esferas concêntricas serem proporcionais ao quadrado de seus raios. 

Todas as vezes, pois, que encontrais essa lei do quadrado da distância, podeis concluir com segurança que se trata de transmissão por ondas esféricas. Isso é facilmente controlável por meio de qualquer fonte de luz e de som. Como vedes, a natureza circular dos dois movimentos é constante, própria tanto da unidade atômica quanto da transmissão dinâmica. Pormenorizemos com mais rigor. O movimento rotatório do sistema atômico não é simplesmente circular: 

mais precisamente, ele é espiralóide. 

Vimos, no estudo da trajetória típica dos movimentos fenomênicos (fig. 4 e fig. 5), que esta é a linha de seu devenir. Toda evolução contém este princípio de dilatação, de desenvolvimento, de passagem em realização, de um estado latente, de fase potencial que atinge a fase cinética: esta é uma tendência constante no universo.

Neste caso significa transformação do movimento de rotação, em movimento de translação. Primeira afirmação, portanto, explica-vos a íntima gênese de $ \beta $, que é um sistema atômico, de natureza espiralóide (compreendendo a espiral como secção de uma esfera em processo de dilatação). Por causa dessa forma e de sua íntima estrutura, o átomo é o centro normal de emanações dinâmicas; é o germe natural (aquilo que a semente é na vida, e devido ao mesmo princípio de expansão) das formas de energia.

Segunda afirmação mais complexa: disse-vos que o núcleo, centro de rotação eletrônica, não é o último termo. Acrescento agora: 

o núcleo é um sistema planetário da mesma natureza e forma que o sistema atômico, dentro do qual se encontra, composto e decomponível até o infinito, em semelhantes sistemas menores interiores. 

Acrescento mais: 

o núcleo é a semente ou germe da matéria. 

Das 92 espécies de átomos, o hidrogênio é o mais simples, por ser composto de um núcleo e de um só elétron, que lhe gira em torno. Ele é quimicamente indecomponível. Tirai aquele único elétron ao núcleo e tereis o éter, a substância-mãe do hidrogênio. Então o éter é composto apenas de núcleos sem elétrons; a passagem do éter ao H e, sucessivamente, a todos os corpos da série estequiogenética ocorre pela abertura progressiva do sistema espiralóide. 

( o núcleo sem o elétron é o próton e o próton é constituído por 3 quarks que trocam entre-si três cargas de "cor" - red, blue e green - sendo os glúons os bósons portadores dessas cargas cromodinâmicas.)

No princípio, na passagem do éter ao H, temos a abertura do sistema do núcleo, com saída de um só elétron, depois, de dois, três, até 92. Tal como o sol no sistema solar, o núcleo é o pai prolífico de todos os seus satélites, nos quais se dá e se multiplica, por um princípio geral que encontrareis na reprodução por cisão. Por esse princípio, cada organismo, seja núcleo ou átomo, quando cresce demais, enriquecendo-se em seu desenvolvimento por evolução, cinde-se em dois. 

Assim, também a matéria produz filhos. As combinações químicas que produzis são, afinal, apenas combinações de sistemas, de trajetórias, de movimentos planetários. Então, uma molécula é uma verdadeira família de indivíduos atômicos, unidos pelas relações da ação e reação, por vínculos mais ou menos estáveis, que podem romper-se e diversamente renovar-se. 

Sabeis com que exatidão rigorosa essas combinações, essas parentelas, estreitam-se. Uma lei férrea e exata rege constantemente o equilíbrio das relações, que vós representastes com as fórmulas químicas. Mas a verdadeira base da teoria atômica, cuja essência ainda não vos foi demonstrada, já vos disse agora, ou seja, a dos sistemas planetários atômicos que, reunindo-se nas moléculas dos corpos, combinam seus movimentos com toda a corte de seus satélites. 

Vedes que a verdadeira química, que se baseia toda na arquitetura íntima do átomo e deste deduz as propriedades dos corpos, é, no fundo, geometria, aritmética e mecânica astronômica, e pode reduzir-se a um cálculo de forças. Daí nenhuma maravilha se de uma tal matéria toda constituída de movimento e de energia puder, depois, espontâneamente, nascer $ \beta $.

Assim como involução é concentração, a evolução é o processo inverso, de expansão. Chegando a matéria à sua última forma, última da série estequiogenética (o Urânio, com um sistema planetário de 92 eléctrons) dizeis: a matéria desagrega-se por radioatividade. À ordem de formação sucessiva dos elementos, vemos corresponder o aumento de peso atômico. 

Esse aumento, aqui, atinge seu máximo, é produzido pela passagem da energia de sua forma potencial, como está no núcleo, à sua forma cinética, como está nos diversos sistemas atômicos cada vez mais complexos. (A emissão de cada novo elétron do núcleo implica sempre acréscimo de nova órbita e esta, à proporção que nos aproximamos da periferia, torna-se cada vez mais veloz). Como vedes, o peso atômico é mais que um simples índice do grau de condensação:

prende-se à lei pela qual a massa de um corpo é função de sua velocidade e ao fato de que, solidez e constituição da matéria estão todas em função da velocidade que anima suas partes componentes.

( a noção de nuvem de probabilidades oriunda da mecânica quântica é mais avançada que isso!)

Já notasteis que a desagregação pela radioatividade é desintegração atômica, isto é, novo deslocamento de equilíbrio do edifício atômico; por isso, deste partem emanações de caráter dinâmico. Chegando a esse ponto de sua evolução, o sistema máximo de $ \gamma $ apenas continua seu movimento de natureza espiralóide, seguindo sempre uma direção expansional que a encontramos em toda parte, desde o sistema espiralóide galáctico até a trajetória típica dos movimentos fenomênicos. 

Em outras palavras, a espiral continua abrindo-se até o ponto em que os elétrons não voltam mais a girar em torno do núcleo como satélites, mas, como os cometas, lançam-se aos espaços com trajetórias independentes. Chegando à máxima órbita periférica, em que é máxima a velocidade de translação, aí rompe-se o equilíbrio de atração-repulsão até agora estável e os elétrons, não podendo mais manter-se na órbita precedente, projetam-se como bólidos para fora do sistema, impelidos por impulsos dirigidos para novos equilíbrios. 

Praticamente cada elétron circula com velocidade angular uniforme em sua órbita, que pode considerar-se como circular, pois, a abertura espiralóide apresenta deslocamentos mínimos. No âmbito das forças da astronomia atômica, para cada órbita há equilíbrio entre a atração do elétron pelo núcleo e a força centrífuga devida à massa do elétron e sua rotação, que tende a lançá-lo à periferia. Compreendeis: 

se a velocidade de rotação das partículas periféricas for de tal ordem que o impulso centrífugo supere a força de atração que as mantém em órbita, tangencialmente, elas fogem para o espaço. 

Quando digo elétron, não digo matéria em vosso conceito sensório, mas entendo outro turbilhão dinâmico (cuja massa é dada pela íntima velocidade do sistema) que assume características de matéria somente enquanto está todo vibrante de íntima velocidade, em seu sistema circular fechado. 

Chegando ao último grupo da série estequiogenética, o dos corpos radioativos, $ \gamma $ inicia sua transformação em $ \beta $, por progressiva expulsão de elétrons (cometas). Lógico que aí vai corresponder a uma perda de massa. 

As qualidades radioativas, em outros termos, tornam-se cada vez mais evidentes, com tendência sempre mais acentuada à desagregação espontânea e à formação de individuações químicas sempre mais instáveis, isto é, cujo sistema de forças desloca-se sempre mais rapidamente à busca de novos equilíbrios.

Expus-vos, assim, a íntima estrutura do fenômeno, a razão do aparecimento da radioatividade no limite extremo da série estequiogenética, e os motivos da instabilidade dos corpos radioativos e da desagregação da matéria. 

Lembraivos de que, neste momento decisivo do universo, como ele muda da fase $ \gamma $ à fase $ \beta $, também muda sua dimensão, como vimos, de espaço para tempo; a terceira dimensão espacial do volume completa-se, portanto, na nova dimensão temporal, unidade característica de medida da nova forma de movimento, não mais circular, mas ondulatório.

$ \alpha $       $ \beta $       $ \gamma $


23/04/2015



45. 

A GÊNESE







“No princípio Deus criou o céu e a terra.
... e as trevas estavam sobre a face do abismo...
E Deus disse: 
“Faça-se a luz. E a luz foi feita.
... e separou as águas... e à massa de água chamou mar.
E disse: 
A terra germine erva verde...
E a terra produziu erva verde...
E depois Deus disse: 
As águas produzam os répteis, 
animais e viventes, as aves sobre a terra e na amplidão dos céus.





E Deus criou os grandes peixes e todos os animais vivos... 
produtos da água, segundo suas espécies...
E disse: 
Façamos o homem à nossa imagem e semelhança...
E Deus criou o homem à sua semelhança...
... Formou o homem do pó da terra 
e soprou-lhe na face o sopro da vida 
e o homem foi feito alma viva.
Essas foram as origens do céu e da terra”...

(Pentateuco, A Gênese, cap. I)

 

Assim nos revelou a inspiração de Moisés. Em sua intuição, ele traçava o caminho que nós seguimos, o da evolução do ser, da matéria ao espírito. No irrefreável transformismo evolutivo, primeiro aparece a matéria: a terra. Depois move-se a energia: 

a luz. 

Nas cálidas bacias das águas reunidas, a mais alta forma evolutiva dinâmica, concentra-se, na potência ainda mais alta de um novo Eu fenomênico, e nasce o primeiro germe de vida em sua primordial forma vegetal, depois se alastrou sobre a terra e ascendeu às formas animais, sempre ansiosas por subir. 

O impulso divino, sempre atuante, criou o homem do pó da terra, feito de matéria ($ \gamma $ ), que subiu até a fase de consciência (a, o sopro da vida); e aparece o homem que resume em si a obra completa e a trindade divina de seu universo: 

 $ \gamma $ , $ \beta $, $ \alpha $

Essas foram as origens do céu e da terra.
 
Observemos o nascimento da gravitação, a protoforça típica do universo dinâmico. Retomemos agora, o caminho interrompido. Em sua primeira forma gravífica, nasceu a energia. Na íntima estrutura cinética da matéria ocorreu a mundança de ritmo e de direção no movimento. A matéria despertou de sua longa e silenciosa maturação e revive num nível mais alto, a fim de preparar-se para sustentar a centelha, da qual nascerá a vida. 

Em sua forma dinâmica, a Substância indestrutível assume um passo de transformismo mais acelerado; o movimento de rotação planetária, fechado em si mesmo no íntimo da matéria, explode no ritmo ascendente da onda que cria e multiplica os tipos dinâmicos. O movimento invade a grande máquina do universo; nova lei estabelece equilíbrio novo e mais complexo em sua estabilidade; o grande organismo não apenas existe, mas funciona a fim de preparar-se para viver.
 


Estranha semelhança ...


Eis que nos espaços imensuráveis desenvolve-se uma rotação, um caminhar sem limites; a matéria foi permeada de nova vibração que a lança em elipses, em espirais, em vórtices; as correntes dinâmicas canalizam-se, equilibram-se, precipitam-se fulmíneas em todas as direções para mover e animar todas as coisas. 

Logo que nasce,  $ \beta $ individualiza-se e se diferencia; g estava exteriormente inerte, além da órbita de seu turbilhonar íntimo. $ \beta $ expande-se em todas as direções, preenche e une os espaços numa rede de ações e reações. O funcionamento orgânico do universo afirma-se e complica-se.
 
A gravitação liga e une suas partes, mantendo-as reunidas. O impulso centrífugo abre os vórtices e dilata o movimento. À estase solene da muda e cega maturação da matéria, sucede a estase mais instável, mas igualmente perene, das forças em equilíbrio. 

As trevas tingem-se de luz, o silêncio ecoa de sons, anima-se o universo. Este tem calor e frio, respira, assimila, possui sua circulação, que o nutre, seu metabolismo dinâmico e físico, tem sua própria saúde, suas doenças, sua juventude, sua velhice. Conhece a vida e a morte. Pelos espaços explodiu uma palpitação nova, vibração sem repouso de forças que fogem em busca de equilíbrio.
 

 
As trevas tingem-se de luz, ...

E porque a Lei disciplina instantaneamente toda forma dinâmica, logo em seu primeiro aparecimento, cada forma de b aparece exatamente individualizada por uma lei férrea individual, seu modo de ser, e a ordem reina sempre soberanamente no imenso turbilhão. O aspecto conceptual, nesta fase mais alta, é ainda mais transparente. Num universo tão vasto e complexo quem, senão o pensamento divino da Lei, disciplinaria tão imensurável desenvolvimento de forças?
Tudo parece ocorrer automaticamente, porque a mão de Deus não é algo externo e visível, mas é um conceito, é a alma das coisas. As rotações astronômicas caminham com exatidão matemática. A gravitação, a luz, o calor, a eletricidade, o som de todas as formas dinâmicas sabem, todas elas, o seu caminho e a cada momento, a cada manifestação, em sua própria consciência instintiva, fala a grande Lei. 

O entrelaçamento dessas forças é, ainda hoje, a base de vossa vida; seu modo de ser e de agir, definido com exatidão e constâncias, dirige a palpitação regular que vos sustenta; proporciona as radiações solares às necessidades do planeta, guia as correntes aéreas, regula as sínteses e as trocas das substâncias proteicas, a assimilação nos organismos, o crescimento, a respiração, a circulação, a reprodução, os nascimentos, as mortes e todos os fenômenos sociais. 

O entrelaçamento dessas forças ,,,


Os mais complexos fenômenos ocorrem com perfeição, indiferentes ao conhecimento que deles tendes e à vossa vontade, até mesmo aqueles que regulam vossa própria vida. Se a vosso esforço só foi deixado o trabalho de vosso progresso, as forças que vos guiam sabem, por si mesmas e melhor do que vós, o caminho que deveis seguir. Desta consciência linear (de primeira dimensão) do universo dinâmico, já falamos.



22/04/2015


44. 

SUPERAÇÕES BIOLÓGICAS


 
O Vigia - Marvel.



Tudo isto não constitui simples afirmação. Enquanto lentamente construo em vossas mentes este edifício conceptual, gradualmente o transmito ao mundo, para que a ele corresponda uma compreensão gradativa; na atmosfera das forças do planeta, imperceptíveis a vós, amadurecem as causas dos eventos decisivos e tremendos; determinam-se movimentos; canalizam-se correntes dinâmicas; acentuam-se atrações e repulsões, donde depois se exteriorizarão os fenômenos, desde as convulsões físicas às morais, da morte à vida de povos e civilizações. 










Mesmo exteriormente, diante dos olhos do historiador e do pensador, apresenta-se o mundo maduro para renovações profundas. No entanto, poucas são as mentes, que dirigem o mundo nos campos mais diversos, que têm o pressentimento da iminência dos tempos novos. A ciência, mais esmagada que sustentada pela imensa massa de material de observação que acumulou, está sempre aguardando sínteses, perdida no dédalo infinito das análises. 

As religiões adormecem no indiferentismo. O mundo é navio que vaga sem timoneiro, sem um princípio unificador que o dirija; as forças construtivas pulverizam-se em pormenores de interesses particulares e de pequenos jogos egoísticos e, ao invés de coordenar-se num esforço orgânico, eliminam-se e anulam-se. A psicologia corrente contém o germe da desagregação.
 
A alma humana, entre uma ciência utilitária de comodidades e uma religião de conveniência, arrasta-se terra a terra numa atmosfera de apatia, perdida, sem meta. O presumido dinamismo de vosso tempo é apenas uma corrida louca, toda exterior. Para onde correis, se ignorais os mais altos objetivos da vida? 

Para que serve correr e chegar, se o homem dilacera-se a si mesmo na pessoa de seu irmão e faz, tantas vezes, da Terra abençoada por Deus um inferno ridículo e macabro? Ou correis apenas para atordoar-vos, para não vos sentirdes a vós mesmos, para fugirdes da voz de vossa alma sem paz, porque está sem meta? 

Esta não é, antes de tudo, a fuga do silêncio e da solidão, em que a alma fala e indaga as grandes perguntas? É medo, medo de ficar sozinhos, de interrogar-vos, de sentir-vos sós diante dos últimos problemas que ninguém sabe resolver e que a alma, mesmo assim, quer saber; medo dos grandes problemas do silêncio, onde se ouvem gritar as culpas; medo do profundo, em que reside o dever, a verdade, Deus. 

Ao som desta voz solene, preferis a paralisia psicológica e o tormento da agonia da alma. A cada momento renovais o esforço de lançar-vos para fora de vós mesmos, no mundo, em busca do infinito, embora ele aí esteja, dentro de vós. Perdesteis a simplicidade dos grandes pensamentos que repousam. O infinito que está pleno deles transbordante de alimento substancial, parece-vos um báratro abissal, tenebroso, sobre o qual temeis debruçar-vos.
 


... parece-vos um báratro abissal, ...

O homem esqueceu, num dédalo de complicações, a beleza e a paz das grandes verdades primordiais. No entanto, o homem as conhecia há muito tempo, por comunicação direta, através da revelação, primeiro método intuitivo e sintético do saber humano, pai do método dedutivo. O princípio único, do qual se deduziam as verdades menores, descia do alto. Depois, à força de deduzir, o homem afastou-se de tal maneira da fonte primeira, que lhe negou até a existência.
 
A dedução, uma vez perdida a ligação com a fonte, não teve mais sentido. O homem recaiu sobre a Terra, sem asas e sem vista; na Terra bateu sua cabeça para que o fenômeno lhe falasse, fornecesse-lhe, a ele, última poeira das centelhas caídas da luz única, com sua pequena luz, um átimo da verdade infinita e eterna. E a ciência, lamentavelmente, acumulou com paciência as mínimas luzes, acreditando que, com a pequena concha da razão humana, poderia esvaziar o oceano; acreditando que podia reconstruir o poder fulgurante do sol, somando e combinando vagas fosforescências. Mas as portas permaneceram fechadas e ainda continuam fechadas.
 
Mas a lei de Deus prossegue no mesmo passo, acima das tempestades humanas e, nos grandes momentos, salva sozinha o equilíbrio. Hoje, como nos tempos antigos das primeiras revelações, segura de novo o homem pela mão e lhe mostra o caminho. Diante dos acontecimentos supremos, os extremos da história se tocam e a intuição reabre hoje, aos humildes, as portas da verdade. 

Nos grandes momentos só a mão de Deus vos guia a todos, e ela está hoje em ação, como no tempo das maiores criações. Felizes aqueles que sabem, rapidamente, pelas vias da fé, atingir a meta! O mais amplo saber é sempre coisa pobre diante do sincero e humilde ato de fé de uma alma pura. E a ciência racional, debatendo-se em vão para sair do claustro da racionalidade por ela mesma construído, agora a limita, porque toda a construção, como efeito, não pode superar em sua massa a potência dos meios empregados. 

A ciência racional, que hoje se debate impotente aos pés de um mistério cada vez mais vasto, encontra-se estupefata diante de uma revolução completa de métodos e de formas de pesquisa; vê-se permeada, sem ao menos percebê-lo — ela que acreditava guiar, era guiada pelas forças da evolução espiritual do mundo — por um quid novo para ela, super-racional, um fator que lhe escapa, porque supera seus meios lógicos, é mais sutil e, no entanto, mais poderoso que seus meios objetivos; a racionalidade, único deus do mundo durante um século, abate-se desanimada diante da explosão estranha e envolvente da alma humana que se modifica, e penetra por novos caminhos os fenômenos e intui diretamente o infinito como realidade imediata.
 
O homem refará a grande descoberta de que um supremo pensamento desce do Alto. Na pesquisa fenomênica, a ciência, desalentada, verá entrar imponderável elemento novo, antes relegado ao hipotético e ao absurdo, ou seja, bondade e retidão, os valores morais que fazem a pureza e a potência do instrumento psíquico, que se comunica por sintonia e afinidade. 

Assim como, no templo, a música dos sons, ao saturar o ambiente de harmonias acústicas, prepara o espírito para a comunicação espiritual da oração, também a harmonia dos sentimentos e dos conceitos, atraindo as harmonias mais vastas, tornará o espírito apto às mais altas compreensões. A inspiração criadora substituirá, como meio normal, a lenta pesquisa racional. 

E a ciência verá sua racionalidade posta de lado como meio menor, já insuficiente diante dos novos problemas formidáveis, que só a visão direta pode enfrentar e resolver. Os componentes da superhumanidade — do cientista ao artista, do mártir ao herói, do gênio ao santo, até agora incompreendidos em sua função biológica de seres ancorados num nível mais alto que o da normalidade medíocre — dar-se-ão as mãos no mesmo trabalho, realizando sob mil aspectos e enfrentando de mil lados, no mesmo trabalho de iluminar e guiar o mundo. 

O super-homem, cidadão do tão esperado Reino de Deus, normalizará sua função coletiva, deixando à razão dos menores, dos retardados, dos últimos a chegar no caminho evolutivo, o trabalho mecânico da análise das grandes visões intuitivas, para fixá-las e demonstrá-las à míope normalidade. 

A maturação desta super-humanidade será a maior criação biológica de vossa evolução e representa a passagem para uma lei de vida superior, que vai da força à justiça, da violência à bondade, da ignorância à consciência, do egoísmo destruidor ao amor construtivo do Evangelho.

Esta é a superação da fase animal e humana, a mais alta vivida em vosso planeta, em que culmina o esforço preparado nos milhões de milênios, em que a evolução ascende da matéria à energia, à vida, ao espírito, toca os mais altos cimos, de onde vos lançareis ao encontro do infinito.



43. 

OS NOVOS CAMINHOS DA CIÊNCIA





Não há dúvida que para vós, homens de razão e de ciência, em vosso tempo e de acordo com a vossa atual psicologia, trata-se de uma linguagem bastante estranha a que unifica todos os problemas: os do saber e os da bondade, e os coloca lado a lado, e funde ciência com Evangelho, acima de vossas distinções, numa mesma Síntese. 






Mas todos os vossos sistemas racionais e científicos são filhos da psicologia de hoje, que não é a de ontem nem a que será amanhã; vossos métodos e pontos fixos conceptuais passarão, como outros passaram, e tudo será superado. 

O tempo vos modifica, ó filhos do tempo, e vos impele cada vez mais para o alto. Como evolvem as formas de luta e as do sofrimento, assim evoluem o pensamento e suas formas, porque a criação é contínua e o dinamismo divino está sempre presente.
 
Àqueles que, no campo de todas religiões perscrutam para encontrar erro e condenar, eu digo que coloquem com sinceridade sua alma diante de Deus e escutem a voz íntima que diz: esta palavra é verdadeira. Onde existe, perguntovos, onde existe na Terra uma força que verdadeiramente vos sacuda e arranque do cálculo contínuo de todos os interesses humanos? 

E quem faz, na Terra, um esforço energético, heróico, decisivo, para salvar os valores morais?
À ciência, que aplica o ouvido para ver resolvidos, com suas próprias palavras, problemas tão desusados para ela, eu digo: chegou a hora de mudar de caminho. Porque é inútil, é loucura acumular milhões de fatos, sem jamais concluílos. A síntese urge e a ciência cala-se; olha suas colunas de fatos, colunas de um templo imenso, cheio de silêncio, e cala-se.
 
O apriorismo sensório amarra na Terra suas asas e limita-lhe as vias da pesquisa; o apriorismo da dúvida que, se olha para a objetividade, fecha ao espírito os caminhos rápidos da intuição e da fé. Mente e coração exigem uma resposta e os últimos efeitos que tocais com vossos sentidos só podem dar-vos os últimos reflexos daquele incêndio que permeia o
infinito. 

Não é acumulando fatos que se pode dar uma resposta; o princípio vital que anima uma árvore jamais será encontrado pela observação e enumeração de suas folhas, pois ele é algo de íntimo, de profundo, de imensamente superior e de essencialmente diferente de qualquer aparência sensória. Assim, na zoologia e na botânica, anatomizais cadáveres. Mas que podem dizer-vos as formas de vida, quando as matasteis, expelindo-lhes o princípio substancial que as plasma e as rege, que tudo resume e determina, o único que pode exprimir o significado do fenômeno?
 
Se na ciência existe uma impotência apriorística para concluir, os fatos já demonstraram; por outro lado, o interesse e a ambição — com frequência o único móvel secreto de todo trabalho — fecham à alma os caminhos da compreensão, levantando uma barreira entre o Eu e o fenômeno. A atitude psicológica do observador torna-se assim uma força negativa e destruidora. Como podeis esperar que vos abram as portas do mistério, se vós mesmos ergueis barreiras com vossa posição de desconfiança, se partis da negação, se está tão inquinada a primeira vibração de origem, segundo a qual tomam sua direção todas as formas de vosso pensamento? 

Deveis compreender que a dúvida, o agnosticismo são uma atitude negativa psicológica, que desagrega o fenômeno, e é precisamente essa posição que vos fecha as vias de sua compreensão. Os fenômenos mais sutis e mais altos apagam-se, automaticamente, quando deles vos avizinhais, por isso, é interditado o ingresso da ciência nos campos mais altos. É indispensável a presença de um fator, que a ciência ignora de propósito: o fator espiritual e o moral. São eles a condição fundamental de sintonização e de potência de vossa psique, que é o instrumento de pesquisa.

 


O futuro da ciência reside no mundo mais sutil do imponderável. Se não levardes para a pesquisa científica esse estado de espírito, que nasce apenas de uma grande paixão pura e desinteressada, jamais avançareis um passo. Esta atitude de vosso Eu é fundamental, porque é lei que, onde faltam sinceridade de intenções e impulso de fé, as portas do conhecimento se fecham. O mistério tem suas defesas e suas resistências e somente um estado de vibração intensa pode ter a força de superá-las. 

A verdade só responde a um apelo desesperado de uma grande alma que invoca a luz para o bem. Para quem olha ávido e curioso, o olhar embaça-se e as portas do conhecimento permanecem trancadas. A Lei, mais sábia que vós, não admite no templo os incapazes e os imaturos; o conhecimento, arma poderosíssima, só é concedido a quem saiba fazer bom uso dele. 

Na Lei, nenhuma desordem é permitida e os inferiores não são admitidos para trazer perturbação com sua inconsciência fora de seu campo. É lei, pois, cada progresso seja merecido e a cada conquista corresponda um valor substancial; a verdadeira ciência não consiste num fato exterior, repartido com todos, acessível a todas as inteligências, mas é a última fase de uma íntima e profunda maturação do ser. 

Na conquista do conhecimento, como em todas as maturações biológicas, não há atalhos possíveis, mas é indispensável desenvolver toda a trajetória do fenômeno. Deveis admitir que o universo existe perfeito e assim funciona há muito tempo, independentemente de vosso conhecimento, que nada cria e nada desloca, senão vossa posição. Doutra parte, não haveis certamente de presumir que o presente de vossa ciência contenha todo o saber possível.
 
A experiência do passado vos ensina que tudo pode mudar, dos pés à cabeça, com resultados imprevisíveis, a cada momento. Sabeis, por experiência, que as revoluções no campo do saber são normais em certas ocasiões


Esquema da tese de Thomas Kuhn.


Não é lógico e consentâneo com vossas teorias materialistas evolucionistas, que a natureza, chegando a uma nova maturação, toda estendida para o futuro como tentáculo para o porvir, em antecipação às formas evolutivas que esperam, em embrião, lance um tipo de homem novo, que possa conceber tudo diferentemente? 




Não é logicamente possível que, dessa forma, toda a técnica mental humana possa mudar, tornando normal o que hoje é exceção, isto é, a intuição do gênio, a inspiração do artista, a super-humanidade do santo? As fases evolutivas próximas de vós tocam, depois da fase orgânica, a fase psíquica. 

Como vedes, as novas concepções desta Síntese, mesmo para a mentalidade dos céticos e dos materialistas, apresentam-se com todos os caracteres da racionalidade e terão de ser reconhecidas como aceitáveis, pelo menos como hipótese de trabalho. Isto também nas últimas conclusões de que vos falei. 

Não só não contradizemos os princípios e postulados demonstrados pelos fatos e aceitos pela ciência, mas os fundimos organicamente numa unidade universal. A ciência é aqui combatida, corrigida e elevada com seus próprios métodos, com sua própria linguagem. O cético encontra, neste Tratado, não apenas os caracteres das possibilidades, mas os da maior logicidade. A razão fica satisfeita no íntimo deste organismo, que harmonicamente dá a razão de tudo. 

Esta Síntese pode ser elevada à teoria, porque é o único sistema que dá uma explicação completa e profunda de todos os fenômenos, mesmos daqueles que não podeis experimentalmente controlar. Não importa se tudo o que digo não possa ser contido dentro de vossas categorias mentais; se não corresponde àquele arquivamento de conceitos, habitual de vossa forma psíquica. 




A limitação de vossa razão e a cegueira de vossos sentidos vos levam, naturalmente, a negar tudo o que a eles escapa, mas isto não importa. Eles são formas relativas, que superareis. Diante da imensa verdade, eles são, mais do que meios, uma prisão que vos encerra e vos limita. Mas, bem depressa vosso ser se libertará, e a ciência, quer queira quer não, superará sua posição atual.