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09/03/2015

5. 

NECESSIDADE DE UMA REVELAÇÃO

 

A mente humana procura um conceito que a abale.

Falei de vossa razão humana, com a qual construísteis vossa ciência e afirmei a relatividade desse instrumento de pesquisa e de sua insuficiência como meio para conquistar o conhecimento do Absoluto. Agora conduzo-vos lentamente, cada vez mais próximo do centro da questão. O estudo que vos exponho  representa novo princípio para vossa ciência e filosofia, novo para vosso pensamento. 







O momento psicológico, que a humanidade atravessa hoje, requer a ajuda dessa revelação. Não vos assusteis com essa palavra:  

revelação não é apenas aquilo de que nasceram as religiões, mas também qualquer contato da alma humana com o pensamento íntimo que existe na criação, contato que revela ao homem um novo mistério do ser. 

Como está hoje — vós o sabeis — a psicologia humana não tem amanhã; ela o busca ansiosamente, mas por si só não sabe achá-lo. 

Espera algo, confusamente, sem saber o que poderá nascer, de onde e como; mas espera por necessidade íntima, por imperioso instinto, porque este constitui a lei da vida; permanece na expectativa de ouvir algo e se limita a avaliar as vozes, as verdadeiras e as falsas, afim de escolher aquela que corresponderá a seu infalível instinto; descendo das profundidades do infinito, será a única a fazê-la tremer. Esperam-na, sobretudo, os homens de pensamento que estão à frente do movimento intelectual; esperam-na os homens de ação, que estão à frente do movimento político e econômico do mundo. A mente humana procura um conceito que a abale, conceito profundo e mais poderosamente sentido, que a oriente para a iminente nova civilização do terceiro milênio.
 
Alguns dos conceitos de que dispondes são insuficientes, outros esgotados, outros tão cobertos de incrustações humanas, que por estas ficam esmagados. A ciência, tão enceguecida de orgulho desde que nasceu, demonstrou-se impotente diante dos últimos “porquês” e, com a pretensão de generalizar partindo de poucos princípios, os mais baixos,
prejudicou-vos, abaixando-vos, fazendo-vos retroceder para aquela matéria, a única que estudava. 

As filosofias são produtos individuais, elevando a sistema aquela indiscutível premissa que é o próprio Eu, embora sendo intuições, são intuições parciais, visões pessoais que só interessam ao grupo dos afins. O bom senso é instrumento imediato para as finalidades materiais da vida e não pode superá-las; então não pode bastar. As religiões, tantas e, erro imperdoável, todas lutando entre si, exclusivistas na posse da Verdade e isto em nome do próprio Deus, aplicando-se não a procurar a ponte que as una, mas a cavar o abismo que as divida. Anseiam invadir o mundo todo, ao invés de se coordenarem no nível que lhes compete, em vista da profundidade da revelação recebida. Infelizmente, recobriram de humanidade a originária Centelha Divina.
 
Devo definir desde logo meu pensamento, para não ser mal interpretado e posto na mira dos ansiosos de destruição e agressividade humana. Não venho para combater nenhuma religião, mas para coordená-las todas, como a outras aproximações diferentes da Verdade, UMA e não múltipla, como quereríeis. No entanto, coloco no mais alto posto da terra a revelação e a religião de Cristo, porque é a mais completa e perfeita dentre todas. 

Esclarecido este conceito, prossigo e verifico o fato inegável de que nenhuma de vossas crenças hoje levanta, abala e verdadeiramente arrasta as massas. Diante das grandes paixões que outrora moviam os povos, hoje o espírito se encontra adormecido no ceticismo; de tal forma caiu no vazio, que não tem força para rebelar-se, nem sombra de interesse, ainda que para negar; tornou-se um nada recoberto por sorridente máscara; desceu ao último degrau, está na última fase de esgotamento:  

a indiferença.

 


Esse é o quadro de vosso mundo espiritual. Infelizmente, o que vos guia de fato na vida real é bem outra coisa:  

é o egoísmo, são vossas baixas paixões, em que acreditais cegamente. 

Mas a isto não podeis chamar uma orientação, um princípio capaz de dirigir-vos a objetivos mais elevados. Se isto constitui um princípio, trata-se de um princípio de desagregação e de ruína; para isso, com efeito, corre o mundo em grande velocidade.
 
Então, não é por acaso que vos chega minha palavra. Ela vem não para destruir as verdades que possuís, mas para repeti-las de forma mais persuasiva, mais evidente, mais adaptada às novas necessidades da mente humana. Vossa psicologia não é a mesma de vossos pais e as formas adequadas para eles, não são para vós; sois inteligências que saíram da menoridade; vossa mente habituou-se a olhar por si e hoje pode suportar visões mais vastas; pede, quer saber e tem direito de saber mais. Por vossa maturação, podeis hoje ver e resolver diretamente problemas que mal eram suspeitados por vossos avós. 

Além disso, vossos problemas individuais e coletivos se tornaram por demais complexos e delicados, para que possam ser suficientes os anunciados sumários das verdades conhecidas. No atual período de grandes maturações, vós, a cada momento, superais vossas ideias, com uma velocidade sem precedentes para vós. Pondo de parte os imaturos e mentirosos, existe grande número de honestos que precisam saber mais e com maior precisão. Enfim, dispondes hoje, com os meios mecânicos, fornecidos pela ciência, com os segredos que tendes sabido arrancar à natureza, de muito maior potência de ação que no passado; potência que requer de vós, que a manejais, uma sabedoria muito maior, a fim de que essa potência não se torne manejada com a mentalidade pueril e selvagem dos séculos passados, não em vosso engrandecimento, mas em vossa destruição. Então, é chegada a hora de dizer minha palavra.


Comentários de Gilson Freire:

5 - Necessidade de uma Revelação
 

Nossa psicologia não tem mais amanhã
 
Nossos conceitos e revelações divinas, encobertas de incrustações humanas arcaicas, estão velhas, esgotadas, insuficientes para a mente moderna. As filosofias são produtos individuais e as religiões se dividem, lutando pela posse da verdade exclusivista. Nosso espírito, adormecido no ceticismo, tornou-se um vazio, oculto por hipócrita máscara sorridente e está agora na sua última fase de esgotamento: 


a indiferença. 

Temos como guia apenas o egoísmo, que só sabe produzir desagregação e divergências.

Necessitamos de revelações adaptadas ao nosso amadurecimento
 

O momento que vivemos requer novas revelações. Os séculos de lutas e dores nos amadureceram e, por instinto evolutivo, ansiamos por novas verdades que nos conduzam para a formação de um novo homem, de uma nova civilização, a civilização do terceiro milênio.
 

A Grande Síntese não veio destruir as verdades que temos, mas revesti-las de nova roupagem

“Minha palavra não vem para destruir as verdades existentes, mas para repeti-las de uma maneira mais persuasiva e mais adaptada às vossas mentes modernas. Sois inteligências amadurecidas que já podem suportar visões mais vastas (....) Não venho combater religião alguma, no entanto coloco no mais alto posto na Terra a revelação e a religião do Cristo”.